O Ministro da Justiça da Turquia, Cemil Cicek, pediu à Suprema Corte revisar o processo de Mehmet Ali Agca, já que, indicou, teria sido mal calculado o tempo que esteve preso no país, o que lhe permitiu sair em liberdade.

Ali Agca, o homem que tentou assassinar o Papa João Paulo II em 13 de maio de 1981, foi solto pela justiça italiana durante o Jubileu de 2000 e repatriado à Turquia, onde foi novamente preso por matar o jornalista Abdi Ipekci, diretor do jornal "Milliyet" em 1979.

Em declarações à imprensa, Cicek indicou que o processo criminal de Agca é complexo e por isso deve ser analisado novamente. "Como Ministro da Justiça, pedirei a Corte de Apelações que examine a liberação de Agca", afirmou.

Por sua vez, Turguc Kazan, advogado da família de Ipekci, anunciou que apresentará uma apelação e que se for necessário, denunciaria o caso ao Tribunal Europeu de Direitos humanos.

Kazan explicou que a lei de anistia de 1999 assinala que os condenados à morte, para poder ser libertados, devem cumprir como mínimo dez anos da prisão se a pena for comutada. Agca só passou cinco anos em prisões turcas.

Do mesmo modo, o Ex-ministro da Justiça, Hikmet Sami Turk, em cujo mandato foi aprovada a lei de anistia, também expressou sua consternação pelo fato.

"Não entendo o que aconteceu. Uma pessoa não pode se beneficiar de duas anistias. Já obteve uma na Itália. É como se tivesse escapado da prisão. Acredito que o engano virá à luz nos próximos dias e alguém pagará", assinalou.

O antigo militante da organização Os Lobos Cinzas, assassinou ao jornalista Ipekci em 1 de fevereiro de 1979 e foi apanhado em 11 de julho desse ano. Logo depois de escapar de uma prisão militar, foi condenado em ausência à pena de morte em abril de 1980, um ano antes de sua tentativa frustrada de assassinar o Pontífice.