A Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) anunciou hoje (20) a criação do Grupo VITA, um organismo que “terá a missão de acolher, escutar, acompanhar e prevenir as situações de abuso sexual de crianças e adultos vulneráveis no contexto da Igreja em Portugal, dando atenção às vítimas e aos agressores”. Uma das ações desse grupo será elaborar um “manual de prevenção” a ser adotado em todo o país.

O tema dos abusos de crianças e adultos vulneráveis foi debatido durante a Assembleia Plenária da CEP, que aconteceu entre segunda-feira (17) e hoje (20), em Fátima. “Entramos agora numa nova fase”, depois da conclusão do trabalho da Comissão Independente (CI) para o Estudo dos Abusos Sexuais de Crianças na Igreja Católica em Portugal, diz comunicado final da assembleia. Segundo o relatório da CI, há pelo menos 4815 vítimas no país, de 1950 a 2022.

“Estamos empenhados em prosseguir um caminho de reparação e prevenção para que seja possível garantir o devido apoio às vítimas e implementar uma cultura de cuidado e proteção dos menores e adultos vulneráveis nos nossos ambientes, contribuindo para erradicar este drama da sociedade”, acrescenta o comunicado.

O “Grupo VITA – Grupo de Acompanhamento das situações de abuso sexual de crianças e adultos vulneráveis no contexto da Igreja Católica em Portugal” será coordenado pela psicóloga Rute Agulhas, “até agora integrava a Comissão Diocesana de Lisboa”.

Segundo a CEP, este grupo “terá a necessária autonomia para, em articulação com a Equipe de Coordenação Nacional, desenvolver uma ação que contribuirá para capacitar, ainda mais, o valioso trabalho que tem vindo a ser desenvolvido pelas Comissões Diocesanas no acolhimento e acompanhamento das vítimas, bem como na formação preventiva dos agentes pastorais”.

Entre outras ações, diz a conferência, “está prevista a elaboração de um Manual de Prevenção que será comum a toda a Igreja em Portugal, quer nas Dioceses quer nos Institutos de Vida Consagrada”.

Além de Rute Agulhas, o grupo inclui “profissionais tecnicamente competentes”. O grupo executivo é formado pelos psicólogos Alexandra Anciães, com experiência de avaliação e intervenção com vítimas adultas, Joana Alexandre, docente universitária e pesquisadora na área da prevenção primária dos abusos sexuais, e Ricardo Barroso, docente universitário e especialista em intervenção com agressores sexuais; pela psiquiatra Márcia Mota, especialista em sexologia clínica e intervenção com vítimas e agressores sexuais, e pelo assistente social Jorge Neo Costa, que atua na intervenção com crianças e jovens em perigo.

Há ainda o grupo consultivo, formado pelo padre João Vergamota, especialista em Direito Canônico; pela docente universitária especialista em análise estatística Helena Carvalho; e por um advogado/jurista especialista em crimes de natureza sexual, que ainda deverá ser definido.

O Grupo VITA fará sua apresentação pública no dia 26 de abril, em local e hora a determinar.

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