“Acompanho com preocupação os acontecimentos que se verificam no Sudão. Estou próximo do povo sudanês, já tão provado, e convido a rezar para que se deponham as armas e prevaleça o diálogo, para retomar juntos o caminho da paz e da concórdia”, exortou o papa Francisco ontem (16), depois de rezar o Regina Coeli na Praça de São Pedro.

No sábado (15), ao menos 56 civis foram mortos e quase 600 ficaram feridos em um confronto em Cartum, capital do Sudão, entre o exército nacional liderado pelo general Abdel Fattah al-Burhan e um grupo paramilitar denominado Forças de Apoio Rápido (RSF).

Em 25 de outubro de 2022, o general Al-Burhan, que estava à frente do Conselho Soberano do Sudão, entidade que dividia o poder no país, deu um golpe anunciando a dissolução do Conselho e do governo civil, a prisão de líderes políticos e declarou estado de emergência.

Desde então, o governo militar de fato foi condenado pela comunidade internacional, incluindo governos e grupos de direitos humanos.

Ontem (16), Domingo da Misericórdia, o papa Francisco lamentou que " em estridente contraste com a mensagem pascal, as guerras vão em frente, e continuam a semear a morte de formas horríveis".

“Amarguremo-nos por estas atrocidades e oremos pelas suas vítimas, pedindo a Deus que o mundo já não experimente a consternação da morte violenta pelas mãos do homem, mas a maravilha da vida que Ele dá e renova com a sua graça!”, convidou o papa.

Desde que o exército sudanês derrubou o presidente Al-Bashir em 11 de abril de 2019, após protestos populares contra ele, após um governo de 30 anos, os líderes militares e seus colegas civis estão em desacordo.

Num acordo de compartilhamento de poder em julho de 2019 entre militares e civis do Sudão, as autoridades de transição pós-Al-Bashir receberam a tarefa de lidar com um legado de abuso e repressão ao lado de uma crise econômica desafiadora.

Tensões recentes surgiram de divergências sobre como o RSF deveria ser integrado às forças armadas e qual autoridade deveria supervisionar o processo.

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