O padre Gabriel Romanelli, do Instituto do Verbo Encarnado (IVE) e que está na Faixa de Gaza há quase quatro anos, elogiou a fé da minoria cristã que, apesar do bombardeio que caiu sobre o local, "veio para celebrar os ofícios nesta Semana Santa”.

Em declarações à ACI Prensa, agência em espanhol do grupo ACI, o padre disse que o confronto entre o Hamas, grupo radical islâmico que controla a Faixa de Gaza, e Israel durante a Semana Santa os obrigou a cancelar uma procissão, mas que "graças a Deus" os fiéis não foram afetados.

Este ano a Semana santa coincidiu com a data da celebração do Pesach dos judeus e do Ramadã dos muçulmanos.

Os muçulmanos da região têm a tradição de passar a noite na mesquita de Al-Aqsa, em Jerusalém, nos últimos dez dias do Ramadã, mês de jejum que, neste ano, começou em 22 de março. A polícia israelense não permitiu. Em represália, o Hamas lançou mísseis contra o território de Israel. Todos foram interceptados pelas forças israelenses.

Também houve bombardeios do sul do Líbano, o que provocou a reação israelense em ambas as fronteiras.

Em diálogo com a ACI Prensa, Romanelli, pároco da igreja da Sagrada Família, o único templo católico da faixa, disse que “os cristãos em Gaza vivem bem a sua fé. Sinal disso é o exemplo que nos dão de participar em todas as celebrações”.

Ele disse que nesta região “os cristãos podem viver sua fé, embora com leis ou regulamentos. Podemos celebrar todas as nossas liturgias, mas dentro da propriedade paroquial. Assim, o cristão vem à igreja; este é o centro espiritual e social”.

O padre disse que os fiéis “são admiráveis ​​e dão exemplo para muitos países ocidentais, onde os cristãos nem mesmo sabem o que significa ser cristão, o que significa ser católico, o que significam os sacramentos”.

O padre Romanelli está em missão no Oriente Médio há 28 anos e conta que os cristãos “vivem de maneira muito natural, dando, como diz são Pedro, razões de nossa esperança, de nossa fé”. A "sociedade do Oriente Médio é uma sociedade religiosa” com manifestações “muito fortes".

O missionário também disse que os cristãos são uma minoria. “No ano passado éramos 1.066 cristãos na Faixa de Gaza, no meio de quase 2,3 milhões de pessoas”.

Isto “faz com que o cristão viva a sua fé, não a esconda. Está o tempo todo dando o seu testemunho ao falar”.

O padre Romanelli, junto com o vigário paroquial, são os únicos dois padres. Ele conta que há dez freiras de três congregações: cinco das Missionárias da Caridade, três do Verbo Encarnado e duas do Rosário.

Diante da Ressurreição de Cristo, “o cristão se alegra, e nada pode nos fazer temer de agora em diante, nem a destruição, nem a guerra, nem a falta de eletricidade, nem a falta de liberdade. Rezemos pela Terra Santa, pelos cristãos, muçulmanos e judeus, para que vivamos em harmonia e paz", disse.