Argumentando “intolerância” de parte de grupos “conservadores”, um grupo radical mexicano enviou uma carta ao Presidente do Peru solicitando que a liberdade de expressão dos católicos seja restringida.

O pedido, realizado por um grupo que reúne ativistas de esquerda, militantes anti-vida e laicistas anti-católicos vinculados aos setores “duros” do Partido Revolucionário Institucional (PRI) do México, nasce como resultado do confronto verbal que se produziu durante a apresentação do CD "Cruzes e Sombras" do "pesquisador" mexicano Edgar González Ruis em um local da Pontifícia Universidade Católica em Lima, Peru.

González Ruiz é um personagem que defendeu o regime do presidente Echeverría, um dos mais criticados de corrupção e repressão na história do México, dedicou-se há alguns anos a publicar “investigações” nos meios radicais como a Revista “Processo” –vinculada ao Partido da Revolução Democrática (PRD)- ou marginais como a chamada “Rede Voltaire” ou a agência “ADITAL”, dirigidas a insultar ao Vaticano, o episcopado latino-americano, as organizações pró-vida e outras organizações católicas. Este personagem recolheu recentemente via buscador do Google” informação nunca corroborada para armar um libelo anti-católico e anti-vida que compilou em formato PDF e apresentou como um “livro” gratuito em algumas páginas feministas e anti-vida.

Durante sua estada em Lima, González Ruiz se irritou porque durante a apresentação de seu “livro” um grupo de militantes pro-vida, assim como diversos jornalistas –incluindo um redator e um cinegrafista da ACI Imprensa– lhe pediram dar razão da grave falta de seriedade de sua investigação.

As perguntas se tornaram em protesto quando os membros do painel de apresentação e o próprio González Ruiz assinalaram que não responderiam perguntas.

“O problema deste senhor e os grupos que o auspiciam, é que não estão acostumados ao diálogo democrático”, explicou à ACI Imprensa o diretor para a América Latina do Population Research Institute, Carlos Pólo, quem assistiu ao evento.

“Eles estão acostumados a lançar insultos, mentiras e adjetivos sem substantivo a todos os que pensam distinto deles; e se enchem a boca falando de democracia, mas fogem ao mais mínimo confronto de idéias”, explicou.

Segundo Pólo, “vi em toda a região como as organizações anti-vida organizam ‘plantões’, boicotam eventos, publicam libelos e atacam a honra de organizações pro-vida em nome da democracia; mas quando nós queremos entrar em debate, então de repente nos tornamos ‘intolerantes’, ‘extremistas’ e ‘antidemocráticos’”.

Com efeito, o semanário anticatólico de esquerda “Processo” publicou recentemente uma “reportagem” ao González Ruiz na qual qualificou de “ultraconservadores” e “neonazis” a quem assistiu à apresentação do CD com uma postura crítica ao texto.

O intercâmbio de idéias e o intenso debate do evento foi qualificado de “perseguição da ultra-direita e a hierarquia peruana, que o tinham constantemente vigiado”; “vigilância” pouco provável considerando que González Ruiz, conhecido apenas no México, não é conhecido no Peru.

González Ruiz alegou diante do “Processo” que, em que apesar de ter podido completar sem problemas a apresentação de seu “livro”, “sofri um atentado contra a liberdade de expressão... no Peru estava constantemente vigiado”.

O curioso é que González Ruiz assinalou que um grupo de jovens que se congregou na cidade da Arequipa para a segunda apresentação de seu livro formava parte da mesma “rede” que supostamente o tinha “vigiado”... mas não explicou como essa mesma rede, se o tinha “vigiado”, não soube que o mexicano tinha abandonado o país e que, portanto, era inútil reunir-se no local arequipenho.

“Processo” assegura que os supostos “ultra-direitistas” foram identificados pela imprensa peruana”, quando nenhum meio de imprensa no país informou de suposto incidente e muito menos, da apresentação do livro, salvo uma minúscula nota no jornal  Peru 21 que não mencionou grupo algum.

A Carta

Apoiado no imaginário testemunho do González Ruiz, “Processo” passou do meio informativo a organização militante ao solicitar assinaturas de desconhecidos “jornalistas e intelectuais mexicanos” para dirigir uma Carta aberta do México ao Presidente do Peru Alejandro Toledo”.

Depois de reproduzir uma interessada versão dos fatos, a carta pede ao Presidente do Peru em resumo, que as organizações católicas e pro-vida não tenham direito a manifestar-se em público ou exigir debates democráticos porque “ameaçam a liberdade de expressão e a segurança pessoal de quem viaja ao Peru a expor suas idéias ou os resultados de suas investigações”.

ACI Imprensa ficou em contato com a sala de imprensa do Palácio de Governo no Peru para conhecer o destino da carta. “Não registramos a recepção de uma carta dessa natureza... aqui chegam centenas de cartas dos mais variados tons e temas”, disse o representante do escritório.

Consultado sobre o que fariam se recebessem oficialmente a carta publicada por “Processo”, o porta-voz se limitou a dizer que “o Senhor Presidente tem coisas mais sérias do que preocupar-se”.