O bispo emérito de Hong Kong, o cardeal chinês Joseph Zen Ze-kiun, disse em uma entrevista ao o jornal italiano Il Giornale na terça-feira (17) que, se o papa Francisco tivesse sérios problemas de saúde, poderia renunciar, como fez Bento XVI.

“Acho que sim; se o Papa tivesse sérios problemas de saúde, deveria considerar a ideia de renunciar”, afirmou ao ser perguntado se Francisco deveria renunciar.

"Bento XVI deu um ótimo exemplo", acrescentou.

Sobre o pedido de muitos na Praça São Pedro para tornar Bento XVI "santo subito" (santo já), o cardeal chinês comentou que também ouviu esse grito dos padres durante o funeral do papa, em 5 janeiro.

“É um desejo que compartilho plenamente. Agora Bento XVI reza e intercede por todos nós", disse.

O cardeal Zen pôde viajar a Roma para participar do funeral de Bento XVI depois que um juiz liberou temporariamente seu passaporte. O cardeal tinha sido preso devido à nova lei de segurança nacional na China.

Traditionis custodes

“Concordo com dom Gänswein sobre o tema da missa em latim. As generalizações tendenciosas na Traditionis custodes de Francisco feriram o coração de muita gente”, opinou o cardeal.

Dom Georg Gänswein, que foi secretário pessoal de Bento XVI desde 2003, afirma em suas memórias, publicadas em 12 de janeiro, que para Bento XVI o motu proprio Traditionis custodes, que restringe a celebração da missa tradicional em latim, foi "um erro".

“Lendo o motu proprio e a carta do papa aos bispos, nota-se uma 'facilidade' e uma ‘tendenciosidade’ de vincular o desejo de usar a forma extraordinária da missa com um julgamento negativo sobre a forma ordinária da missa; ou uma tendência a vincular a recusa em aceitar a reforma litúrgica com uma rejeição total e profunda do Concílio Vaticano II”, disse o cardeal Zen.

“Não podem os anti-Ratzinger do Vaticano esperar pacientemente que a missa tridentina morra junto com a morte de Bento XVI, em vez de humilhá-lo desta forma?”, questionou.

A perseguição aos católicos na China

Sobre a situação dos católicos na China, perseguidos pelas autoridades, o cardeal Zen afirmou que é “difícil. Nunca devemos nos esquecer de rezar nestes tempos difíceis”.

“Muitíssimos fiéis testemunham a própria fé com consciência, mas sabemos que, quando a situação se torna difícil, alguns só pensam em seu próprio interesse”, lamentou o bispo emérito de Hong Kong.

“Continuamos defendendo a verdade, a justiça e a caridade. A escuridão não vencerá a luz”, concluiu.

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