A catedral basílica de Nossa Senhora da Assunção, em Mariana (MG) será reaberta aos fiéis no dia 23 de dezembro, após quase sete anos de restauração. Construída no século XVIII e pertencente à diocese mais antiga do interior do Brasil, a catedral é a única de sua época no país que mantém seus traços originais, segundo o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).

A catedral de Mariana tem origem no início do século XVIII, nascida da capela de Nossa Senhora da Conceição, fundada em 1703. Com a criação da Vila do Carmo (que posteriormente se tornaria Mariana), em 1712, essa capela foi adotada como matriz. No ano seguinte, teve início a construção de uma igreja maior, tomando a antiga capela como sacristia. Diversas obras se seguiram com reparos, acréscimos, decoração, douramento do altar-mor.

Em 1745, a Vila do Carmo foi elevada a cidade e recebeu o nome de Mariana. Em dezembro do mesmo ano, foi criada pela bula Candor Lucis Aeternae, do papa Bento XIV, a diocese de Mariana, a primeira do interior do Brasil e a primeira de Minas Gerais. O primeiro bispo diocesano, dom frei Manuel da Cruz, escolheu a antiga matriz como catedral.

“De aspecto sóbrio, conferido pelo barroco jesuítico, a Catedral da Sé tem a simplicidade das linhas retas de seu frontispício contrastando com um interior marcado por um dos mais significativos conjuntos de talha de Minas Gerais e ricos detalhes decorativos. Seu acervo conta com importantes obras de Mestre Ataíde, entre outros nomes da arte e arquitetura religiosa mineira”, diz o Iphan.

A obra de restauração estrutural, arquitetônica e de elementos artísticos começou em fevereiro de 2016 e foi feita pelo Iphan. Custou cerca de R$10,5 milhões. Ontem (15), aconteceu um ato civil de entrega das obras pelo Iphan. Mas, o templo seguirá fechado até o dia 23, “para ser adequadamente preparada para as celebrações religiosas”, afirmou a arquidiocese de Mariana.

Segundo o Iphan, as obras foram desde intervenções estruturais e arquitetônicas, chegando ao enaltecimento das riquezas artísticas, com restaurações de elementos de arte e integrados, também datados do século XVIII. Foi feita a restauração dos forros, retábulos, arcos, painéis, cimalhas, lustres e tela, com tratamentos específicos de pintura e douramento, entre outros.

“O resultado final é espetacular. A catedral está no seu esplendor e isso vem trazendo muita expectativa e muita alegria para a comunidade”, disse o reitor da catedral, padre Geraldo Dias Buziani.

Interior da catedral / Facebook Catedral de Mariana

O reitor contou que, apesar da entrega das obras, ainda é preciso fazer a restauração das 27 imagens que compõem o acervo da catedral. Esse trabalho contará com verba aprovada pelo Conselho Municipal de Patrimônio de Mariana (COMPAT). Além disso, também será dada continuidade ao restauro do órgão Arp Schnitger, instrumento datado do século XVIII, fabricada na Alemanha e enviado de presente pela coroa portuguesa para a diocese de Mariana, em 1748.

Os católicos de Mariana poderão contemplar a restauração no interior da catedral a partir do dia 23 de dezembro, quando suas portas serão novamente abertas. A cerimônia começará com missa celebrada pelo arcebispo de Mariana, dom Airton José dos Santos, às 19h, no santuário de Nossa Senhora do Carmo. Em seguida, haverá uma procissão com a imagem de Nossa Senhora da Assunção, padroeira da arquidiocese, até a catedral. Após a entrada no templo, haverá a bênção e o canto solene de ação de graças.

No dia 24 de dezembro, haverá missa solene do Natal do Senhor, às 22h, e reabertura da Catedral.

Para o reitor da catedral, padre Geraldo Buziani, “é muito celebrar a primeira missa na Catedral, tendo sido concluídas as obras de restauração, justamente na noite de Natal, no dia 24 de dezembro”.

“Vamos entrar no mistério do Natal e, fisicamente, como comunidade paroquial e arquidiocesana, entraremos na casa do Senhor, templo santo, onde fazemos a experiência do encontro com Deus. É muita alegria para todos nós. Preciosa é a Sé de Mariana. Um tesouro de fé cristã e importante patrimônio artístico, histórico e cultural que devemos amar, cuidar e preservar”, afirmou.

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