Para a especialista em terrorismo internacional, Maria Angeles Muñoz, "o modelo de Estado fortemente laicista, a desintegração familiar, e o vazio moral do Ocidente" são as causas dos recentes distúrbios protagonizados por muçulmanos na França e estes não constituiriam fatos isolados mas sim formariam parte de uma "guerra Santa" contra o ocidente.

Em uma entrevista concedida ao semanário Alba, a especialista considerou que esta é provavelmente a maior crise de identidade européia. "Atos vandálicos simultâneos em seis estados franceses e em vários países europeus não coincidem no tempo porque sim", explicou Muñoz em alusão a quem insiste em apresentar os fatos como isolados.

Do mesmo modo, advertiu que "as chamadas uma nova jihad circulam pela rede e isto não é tolice. Em fóruns islamistas como tajdeed.net ou alsaha.com os radicais denunciam o ‘perseguição policial’ e apelam à luta contra ‘França, terra de infiéis’ e ‘inimiga dos muçulmanos’".

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Segundo Muñoz, "cinco milhões de imigrantes muçulmanos não integrados na França consideram o Ocidente um inimigo. Isso é um risco e parece que não nos tínhamos dado conta".

Para a especialista, não basta que a Comissão Européia tenha destinado 50 milhões de euros para amenizar o problema. "A solução não é o cheque em branco e França deve reconsiderar seu modelo de integração. O ‘multiculturalismo’ está saindo muito caro", indicou.

"A crise francesa é no fundo a crise da Europa; faz falta recuperar o projeto da Europa, farol de civilização como dizia Schumann. Acredito que além de pôr emplastros é preciso reformular o modelo de sociedade e o sistema educativo que queremos. E nós (na Espanha) ainda estamos em tempo", considerou Muñoz.