O Superior Tribunal de Justiça (STJ) arquivou definitivamente o processo contra padre Robson de Oliveira, ex-reitor do santuário do Divino Pai Eterno, de Trindade (GO). O sacerdote redentorista era acusado de desvios de dinheiro da Associação Filhos do Pai Eterno (Afipe), da qual era fundador e presidente. 

Na segunda-feira (18), o STJ emitiu a certidão de trânsito em julgado para o processo do Ministério Público Estadual de Goiás contra padre Robson. O sacerdote foi acusado pelo MP-GO de organização criminosa, apropriação indébita, falsidade ideológica e lavagem de dinheiro doado por fiéis à Afipe. Segundo o Ministério Público, o prejuízo da associação chegaria a mais de R$ 100 milhões.

Segundo o advogado de padre Robson, Pedro Paulo de Medeiros, o STJ confirmou a decisão de outubro de 2020 do Tribunal de Justiça de Goiás, que entendeu que o padre não teria praticado crime.

O Ministério Público de Goiás ingressou com mandado de segurança no STJ, a ser analisado pela Corte Especial, em que questiona a decisão da 6ª Turma em não admitir o recurso do MP. "Portanto, mesmo que tenha havido trânsito em julgado no processo originário, ainda há esta ação para ser julgada", diz o MP em nota.

O advogado de padre Robson afirmou que o sacerdote, “injustiçado como foi, agora absolvido, poderá finalmente continuar sua vida de evangelização, servindo à Igreja”.

Padre Robson de Oliveira foi afastado de suas funções na Associação Filhos do Pai eterno (Afipe) após ser deflagrada a operação contra ele em agosto de 2020. Também está temporariamente afastado do uso de ordens, por decreto do então arcebispo de Goiânia (GO), dom Washington Cruz. A Congregação do Santíssimo Redentor (Redentoristas) também o proibiu temporariamente de celebrar os sacramentos e de realizar programas de rádio, TV ou internet, com a intenção de tentar proteger a boa reputação da Igreja, do próprio padre e evitar escândalos.

Em entrevista ao programa Chega pra Cá, do jornal O Popular, em 12 de março, o atual arcebispo de Goiânia, dom João Justino, disse que o caso também está sendo investigado em um processo canônico. “A Igreja tem um direito próprio, até um direito penal. E a Igreja precisa entender o que aconteceu. Muitas pessoas foram ouvidas no processo canônico. Está em curso”, declarou.

Dom Justino tomou posse como arcebispo de Goiânia há cerca de dois meses. Ele contou que já se encontrou com padre Robson de Oliveira, conversou com outras pessoas e viu alguns documentos sobre o caso. Segundo o arcebispo, as decisões devem ser tomadas em conjunto com os redentoristas.

“Eu não posso dizer ‘padre Robson, volte’, sem que a ordem se manifeste. E eles também não podem dizer ‘volte’, sem que eu seja ouvido. Temos aí uma situação em que precisamos entender e esclarecer algumas coisas, reconhecemos que foi um momento muito difícil para o próprio padre Robson, para a congregação redentorista, para o arcebispo dom Washington, para a diocese. Dada a delicadeza da situação, é preciso agora trilhar um caminho em que a gente não cometa novos equívocos”, disse dom Justino.

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