Os cristãos estão recebendo ameaças de morte por parte de terroristas em Burkina Faso, na África. Segundo a Fundação Pontifícia Ajuda à Igreja que Sofre (ACN), grupos armados estão criando “um reinado de terror” sobre a população do país, com extorsão, saques, roubos. Mas, os cristãos têm sido objeto de perseguição mais severa.

Pessoas deslocadas na diocese de Dori relataram que os terroristas chegam às aldeias e extorquem uma quantia por cabeça de gado. Quando o dono dos animais não é capaz de pagar, o gado é tirado dele. Nas últimas semanas foram registrados casos em que os terroristas perguntavam primeiro se o proprietário era cristão ou muçulmano. "Se os proprietários eram cristãos, os agressores não consideravam necessário contar os animais, porque diziam que além de levar os animais, matariam os donos também", disseram à ACN as testemunhas sobreviventes.

Burkina Faso é um país de maioria muçulmana, com 1,6% de cristãos na população. Segundo os relatos enviados à ACN, na última semana de outubro, 147 pessoas tiveram que fugir de duas aldeias na fronteira com Níger, para não colocar o resto dos habitantes em perigo. Entre os que fugiram, havia oito gestantes e 19 crianças menores de cinco anos.

Um desses grupos chegou à cidade de Dori e era composto por nove idosos, uma mulher e sete crianças. Um dos membros disse que saíram no meio da noite para não serem descobertos, pois estavam sendo procurados pelos terroristas. “O terrível é que quando alguém nos deu refúgio, fomos denunciados como cristãos e isso colocou a pessoa que nos acomodou em perigo”, contou. Segundo esta pessoa, “nem todos os cristãos da área foram capazes de fugir”, por isso, disse estar preocupado com “o destino de nossos filhos e esposas” que permaneceram no local.

O bispo da diocese de Dori, dom Laurent Birfuoré Dabiré, contou à ACN que em todo o país há “ataques, sequestros e assassinatos”. “Os terroristas estão sequestrando quem eles quiserem, executando alguns e libertando outros”, disse. Além disso, afirmou que os terroristas controlam várias linhas de comunicação, atacam frequentemente as forças de defesa e segurança, e impedem que os ônibus circulem entre Dori e a capital Ouagadougou.

Segundo dom Dabiré, “Dori corre o risco de ser cortada do resto do país e a situação não está melhorando. É muito perigoso viajar de veículo privado ou mesmo transporte público e as pessoas têm medo de serem paradas no caminho por um inesperado posto de controle terrorista”.

“Por favor, reze pela triste e dramática situação da minha diocese. O perigo está crescendo o tempo todo. Esperamos que aqueles que não conseguiram sair das aldeias ameaçadas sejam capazes de fazê-lo com segurança nos próximos dias”, declarou dom Laurent Dabiré.

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