O presidente da Conferência Episcopal Venezuelana (CEV), Dom Diego Padrón, assinalou que, por causa da crise econômica, as famílias venezuelanas terão “um dezembro muito triste, muito doloroso”, porque, além da carência de remédios, “há grande dificuldade para poder conseguir os elementos essenciais para a ceia natalina”.

“A situação econômica atingiu milhares profundamente. Já estamos no final do ano e a família venezuelana vê com muita preocupação o que vai passar no mês de dezembro, que para os venezuelanos, como para toda a América Latina, é um mês muito especial, da alegria, da proximidade da família. E este ano vai ser um dezembro muito triste, muito doloroso, porque não há remédios e há grande dificuldade para poder conseguir os elementos essenciais para a ceia natalina”, lamentou Dom Padrón.

Em declarações ao Grupo ACI no dia 9 de novembro, o também Arcebispo de Cumaná criticou o governo de Nicolás Maduro, que, “para cuidar de sua imagem, quis abrir um corredor humanitário e por essa razão as pessoas de todas as condições estão morrendo”.

“Crianças, adultos, idosos morrem por falta de elementos nos hospitais e ainda nas clínicas particulares, de tal maneira que há uma responsabilidade política do governo”, denunciou Dom Padrón.

Em 2 de novembro, a organização ‘Venezuelanos no Mundo’ (VenMundo) denunciou que 50% da remessa de medicamentos que chegou no dia 23 de agosto do Chile venceu porque, desde esta data, ficaram retidos no porto de La Guaira.

“Das 75.948 unidades destinadas à Venezuela, cerca de 50% venceu o prazo de validade”, disse o coordenador de VenMundo, Enairo Urdaneta, à agência Efe.

A organização já tinha lançado o alerta sobre o vencimento dos remédios no dia 27 de outubro em seu site. “Exigimos que o conteúdo seja liberado da aduana, para que os medicamentos não continuem vencendo. Pedimos à comunidade internacional que se pronuncie a favor da Venezuela e peça ao governo venezuelano que abra de uma vez por todas o corredor humanitário e nos permita ajudar nosso país a superar esta crise humanitária”, expressou Urdaneta.

Por sua vez, o jornal ‘El Nacional’ informou no dia 10 de novembro que a inflação acumulada entre janeiro e outubro de 2016 foi 525,4%; enquanto a inflação anual foi de 755,9%, a mais alta registrada na Venezuela.

Diante dessa situação, o presidente da CEV disse que “a Igreja faz tudo o que pode” para apoiar a população. “De fato, Cáritas, a parte social da Igreja, está ajudando com os poucos remédios que alguns trazem da Europa em uma mala e, com isso, vai ajudando muitas pessoas”, explicou.

No entanto, assinalou que a crise também afeta a vida diária da Igreja. “A situação econômica está obrigando as cúrias diocesanas a fechar, inclusive os colégios católicos” devido às dificuldades “para poder pagar os professores”, ressaltou.

Além disso, há as tensões sociais e a insegurança. “Várias cúrias foram alvo de roubos e também nas paróquias; e o temor que as pessoas têm para se reunir dificulta o funcionamento das atividades da Igreja”, denunciou o Prelado.

“É verdade que não somos perseguidos, mas também é verdade que há muita dificuldade para a Igreja, porque o governo, frequentemente, a vê como adversária, como se estivesse conspirando, e declara uma rejeição absoluta à Igreja”, indicou Dom Padrón.

Diante disso, o presidente da CEV exortou o governo a ouvir a população, “que pede e exige que governo e oposição se sentem para dialogar”, mas com diálogo que tenha “resultado imediato, porque não podem ser resultados para o ano que vem”.

“A fome e a doença não podem esperar até o ano que vem e os presos políticos têm que sair logo, porque estão presos injustamente. As medidas eleitorais que vão resolver os problemas também têm que ser urgentes”, expressou.

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