Os cristãos no Oriente Médio se unem ao sofrimento da Europa, apesar de muitas vezes terem sido esquecidos pelo ocidente, assegurou o Pe. Luis Montes, sacerdote missionário do Instituto do Verbo Encarnado (IVE) no Iraque, por ocasião do último atentado do Estado Islâmico em Bruxelas (Bélgica), no qual morreram mais de 30 pessoas.

Em declarações ao Grupo ACI no dia 23 de março, o Pe. Montes, de nacionalidade argentina, recordou que, “quando estava em Bagdá (Iraque) e ocorreu o atentado em Paris, as pessoas estavam preocupadíssimas, ou seja, se uniram ao sofrimento dos europeus, apesar de muitas vezes eles terem nos esquecido”.

No dia 13 de novembro de 2015, vários ataques terroristas em Paris (França) causaram a morte de aproximadamente 130 pessoas. Nessa ocasião, o Estado Islâmico também reconheceu a autoria dos atentados.

Entretanto, lamentou o missionário, no velho continente não há uma reciprocidade com a dor do Oriente Médio.

“A Europa não se sente tocada pelo sofrimento do Oriente Médio. No Iraque, de 2003 até agora, sofremos cerca de 20 atentados por dia. Quem sabe disso?”, questionou.

“Em outubro de 2015, houve 128 atentados na capital, em Bagdá. Estes atentados aconteceram dentro de um mês em uma cidade. E se você perguntar, ninguém sabe destes acontecimentos, porque ninguém está interessado nas pessoas que morrem ou não morrem, se ficam paralíticas ou inclusive que não possam trabalhar mais”, criticou.

Ao mesmo tempo que não reportam mais a respeito do drama no Iraque e na Síria, “continuam dizendo a mesma mentira de sempre: que está tentando ajudar a população local a evitar a guerra, mas isso é tudo mentira porque a guerra continua sendo alimentada”.

“Europa não está fazendo as coisas bem”

Em seguida, o sacerdote argentino explicou que no Iraque sofrem pela Europa “porque vemos que isto não vai acabar agora. Enviaram terroristas diretamente entre os refugiados e existem muitas pessoas que não tem nada de refugiados”.

“Este tema é delicado”, advertiu, pois “por uma parte não podemos deixar que o vizinho morra na porta de sua casa, devemos ajudá-lo”.

“O problema é que a Europa não está fazendo as coisas bem. Temos dados de acampamentos de refugiados na Europa, por exemplo na Alemanha, que os acampamentos estão em mãos de extremistas e se os cristãos não rezarem cinco vezes por dia são espancados”.

Essas pessoas, indicou o Pe. Montes, dizem: “nós fugimos do Islã fanático no Oriente Médio e sofremos a perseguição do Islã fanático no coração da Europa”. “Isto é absolutamente uma barbaridade”.

“Houve denúncias e ninguém fez nada”, criticou.

O sacerdote lamentou que se revisar as listas de refugiados é possível constatar que, “se você viver no Oriente Médio, é mais fácil chegar à Europa ou aos Estados Unidos como refugiado se você for muçulmano do que se você for cristão”.

“A Europa deveria favorecer aos que são verdadeiros refugiados, aos que estão fugindo da violência e deveria pressionar os países ricos do Golfo a fim de que recebam refugiados muçulmanos, onde eles se adaptariam mais facilmente devido à cultura semelhante”, assinalou.

O Pe. Montes dirige dois projetos através da rede social Facebook para canalizar a ajuda aos cristãos refugiados no Iraque e na Síria: Amigos do Iraque e S.O.S Cristãos na Síria.

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