O coordenador do Movimento Cristão Liberação (MCL), Oswaldo Payá, exigiu ao Governo de Cuba que permita a transição democrática e não deixe a ilha entre o capitalismo selvagem e o totalitarismo socialista, no contexto da demissão de meio milhão de trabalhadores públicos.

"O Governo justifica a demissão de centenas de milhares de trabalhadores dizendo que não são idôneos no trabalho. E os governantes? foram idôneos? Estes agora explicam que não sabiam construir o socialismo, mas entretanto decidiram pelo povo durante o meio século", assinalou Payá em sua mensagem de 1 de janeiro.

O líder do MCL advertiu que estão impondo "o pior do capitalismo selvagem combinado com o totalitarismo chamado socialista: exploração, desemprego, preços abusivos, pobreza da maioria com privilégios para os capitalistas" e falta de liberdades. "Basta de crucificar o povo cubano entre dois ladrões: capitalismo e socialismo", disse.

Payá sustentou que durante 50 anos o Partido Comunista impôs um sistema que não funciona e por isso as linhas que agora expõe "não podem ser a solução do problema, porque o problema é precisamente o regime socialista".

O líder do MCL animou os cubanos dentro e fora da ilha a descobrir sua "capacidade espiritual para nos liberar", sem ódio de classes nem de outro tipo.

Payá insistiu na liberação de todos os presos políticos e recordou ao Governo de Raúl Castro sua responsabilidade de facilitar as mudanças que quer o povo para que se respeite sua "liberdade de expressão e o acesso de todos aos meios de difusão, à criação legal de organizações cívicas sociais e de partidos políticos e uma nova lei eleitoral" que garanta eleições livres e democráticas.

"Fundaremos um povo novo, com todos os cubanos sem exclusões, conservando o bom, o humano, que os próprios cubanos têm construído nestas décadas e que a história de Cuba, nos legaram, mas é a hora da mudança e mudanças significam liberdade, direitos, reconciliação e democracia", afirmou.

O Governo iniciou hoje terça-feira a demissão de dezenas de milhares de trabalhadores dos ministérios de Indústria Açucareiro, Agricultura, Construção, Saúde Pública e Turismo, como parte do reajuste trabalhista para reduzir as inchadas folhas de pagamento estatais. Prevê-se que durante o ano sejam eliminados meio milhão de empregos públicos.

Segundo dados oficiais recolhidos pela agência EFE, em 2011 serão suprimidos definitivamente 146 mil postos de trabalho estatais e 351 mil funcionários públicos passarão a outras formas de emprego independente, como parte dos ajustes econômicos anunciados pelo Governo de Raúl Castro.