Na Audiência Geral desta quarta-feira, o Papa Bento XVI se referiu ao exemplo de São João Leonardo, Patrono dos farmacêuticos, quem entendeu que "qualquer reforma deve efetuar-se dentro da Igreja e nunca contra a Igreja".

Ao iniciar a catequese, o Papa destacou que São João Leonardi nasceu em Diecimo (Itália) em 1541. Abandonou os estudos de farmácia pelos de teologia para ser ordenado sacerdote.

“Aos seus discípulos lhes recomendava que só tivessem diante de seus olhos a honra, o serviço e a glória de Jesus crucificado. Seu zelo apostólico o levou a enviar ao Papa Paulo V um memorial com critérios para a autêntica renovação da Igreja. Estes mesmos desejos levaram-no, junto com João Batista Vives e Martín de Funes, a contribuir para a criação do Dicastério da Propaganda Fide e ao nascimento do Colégio Urbano de Propaganda Fide, no qual se formaram muitos sacerdotes para a evangelização dos povos”.

Bento XVI explicou que "a luminosa figura deste Santo convida aos sacerdotes em primeiro lugar e a todos os cristãos a tender constantemente à alta medida da vida cristã que é a santidade. Somente da fidelidade a Cristo pode brotar a renovação eclesiástica autêntica".

Naqueles anos, continuou, "na passagem cultural e social entre os séculos XVI e XVII, começaram-se a desenhar as premissas da futura cultura contemporânea caracterizada por uma cisão indevida entre a fé e a razão que produziu, entre seus efeitos negativos, a marginalização de Deus, com a ilusão de uma possível e total autonomia do ser humano, que escolhe viver 'como se não Deus não existisse'".

"É a crise do pensamento moderno que tantas vezes evidenciei e que chega freqüentemente a formas de relativismo. João Leonardi intuiu qual era a verdadeira medicina para os males espirituais e a sintetizou na frase: 'Cristo acima de tudo'. Não há ambiente que não possa ser tocado por sua força. Essa era sua receita para todo tipo de reforma espiritual e social".  

São João Leonardi, assinalou o Santo Padre, "em diversas circunstâncias sublinhou que o encontro vivo com Cristo se realiza em sua Igreja, Santa mas frágil, enraizada na história e em seu suceder, às vezes escuro, onde trigo e joio crescem juntos, mas sempre instrumento de salvação. Com lúcida consciência de que a Igreja é o campo de Deus não se escandalizou de suas debilidades humanas. Para contrastar o joio escolheu ser bom grão: decidiu amar a Cristo em sua Igreja e contribuir a torná-la cada vez mais um instrumento transparente de Cristo".

Bento XVI assegurou que este Santo "entendeu que qualquer reforma deve efetuar-se dentro da Igreja e nunca contra a Igreja. Nisto, São João Leonardi foi extraordinário e seu exemplo é sempre atual. Toda reforma interessa certamente às estruturas, mas em primeiro lugar deve gravar-se no coração dos fiéis".

Finalmente, disse o Papa, "somente os Santos homens e mulheres que se deixam guiar pelo Espírito divino, dispostos a tomar decisões radicais e valentes à luz do Evangelho, renovam a Igreja e contribuem, decididamente, a construir um mundo melhor".

Em seguida o Santo Padre saudou os diversos grupos de peregrinos presentes na Praça São Pedro, em seus respectivos idiomas, entre os quais o português e concedeu-lhes a sua Benção Apostólica.

“A minha saudação amiga aos fiéis da arquidiocese de Porto Alegre e demais peregrinos de língua portuguesa! Viestes a Roma, onde há quatrocentos anos morreu São João Leonardi, vítima da caridade fraterna, contagiado ele mesmo pela epidemia cujos doentes tratava. A luminosa figura deste Santo convida todos os cristãos a transmitirem aos homens o verdadeiro «remédio de Deus», que é Jesus Cristo crucificado e ressuscitado. N’Ele vos abençôo, a vós e às vossas famílias.”

"Neste Ano Sacerdotal –finalizou o Papa– que o exemplo e a intercessão de São João Leonardi estimulem os pastores e os leigos a viverem com fidelidade a vocação que lhes é própria. Muito obrigado".