Os membros da Equipe de Sacerdotes para as Vilas de Emergência da Arquidiocese de Buenos Aires, expressaram sua preocupação pela falha emitida ontem pela Corte Suprema de Justiça, que deixou livres a cinco pessoas que consumiam maconha por considerar que seu consumo no âmbito privado está protegido pela Constituição Nacional.

Os sacerdotes publicaram um comunicado no que reconhecem a "boa intenção dos que procuram não criminalizar o dependente de drogas", mas advertem que no caso das famílias mais vulneráveis, a despenalização implica "deixar abandonado o viciado abandonado, não encarregar-se de seu direito à saúde".

"A dinâmica mesma do vício, leva muitas vezes a fazer algo para satisfazer o desejo de consumo. O próximo encontro entre o Estado e o viciado já não seria na enfermidade, mas no delito que às vezes nasce dela", advertiram.

Os sacerdotes explicaram que "o Evangelho de Jesus nos convida a parar nas periferias geográficas e existenciais e desde ali olhar. Convida-nos a entrar em comunhão com os mais pobres, e desde os pobres chegar a todos. Este caminho dos pobres a todos parece um programa mais que valido na hora de riscar políticas de Estado, na hora de legislar e na hora de julgar".

"Muitos dos meninos, adolescentes e jovens de nossos bairros não vivem, mas sobrevivem e muitas vezes a oferta da droga chega a eles antes que um ambiente alegre e são para brincar, chega antes que a escola, ou chega antes que um lugar para aprender um ofício e poder ter um trabalho digno. Cortam-se assim as possibilidades de dar um sentido positivo à vida", assinalaram.

"Perguntamo-nos: como interpretam as crianças dos nossos bairros a afirmação de que é legal a posse e o consumo pessoal? Parece-nos que ao não haver uma política de educação e prevenção de vícios intenso, reiterativa e operativa se aumenta a possibilidade de induzir ao consumo de substâncias que danificam o organismo", indicaram.

Do mesmo modo, sustentaram que "a experiência de acompanhar os jovens no caminho de recuperação e reinserção social nos permitiu escutar o testemunho de muitos que começaram consumindo pequena quantidade de maconha e de repente se encontraram consumindo drogas mais daninhas. A vida se voltou ingovernável para eles. Por isso desde nosso ponto de vista as drogas não dão liberdade mas escravizam. A despenalização em nossa opinião influiria no imaginário social instalando a idéia de que as drogas não fazem tanto dano".

"Pedimos à Virgem de Luján, Mãe do Povo, que cuide e proteja a seus filhos que padecem o flagelo da droga, de forças a suas famílias e luz à nossa sociedade para gerar vínculos de promoção e solidariedade", concluíram.