O Arcebispo de Caracas, Cardeal Jorge Urosa Savino, chamou os venezuelanos a não ficar nas queixas e tomar consciência de que as leis impostas pelo Governo do Hugo Chávez "podem ser submetidas a uma revisão constitucional que está prevista na Constituição que é um referendum proibitivo".

Em entrevista com o programa Entre Jornalistas, do Televen, o Cardeal se referiu à recém aprovada lei de educação e disse que os venezuelanos devem utilizar todos os recursos que dispõem como cidadãos para defender "uma série de direitos que não nos podem arrebatar".

A recente lei de educação foi passada pela Assembléia Nacional – dominada por partidários de Hugo Chávez –, sem tomar em conta os setores de oposição e da sociedade que pediam adiar o debate para obter um consenso.

Durante a entrevista, o Arcebispo lamentou a linguagem confrontacional do Governo que em vez de procurar a unidade dos venezuelanos, propícia o enfrentamento e a repressão do que pensam distinto.

Do mesmo modo, rejeitou os ataques do vice-presidente da Assembléia, Saúl Ortega, quem chamou o Cardeal de mentiroso. O Cardeal indicou que podem dizer que se equivoca em suas opiniões, mas não dizer que minta ao povo. "Uma coisa é que alguém tenha uma opinião distinta a que tenham os deputados do oficialismo, outra coisa é que alguém diga mentiras", expressou.

Com respeito à nova lei, o Arcebispo esclareceu que a educação religiosa nas escolas não é um privilégio da Igreja – tal como afirma o Governo –, a não ser um serviço brindado ao povo venezuelano "através dos séculos", e "um direito adquirido que não pode apagar-se de um golpe com uma lei, isso é anticonstitucional".

O Cardeal Urosa disse que é grave que uma lei surja sem consenso, pois existem muitos grêmios dentro do Magistério "que não estão de acordo com o que se diz sobre a carreira profissional". Tampouco estão de acordo os meios "porque de algum modo submete a uma sanção também a atuação dos meios" e portanto aquilo que "não se fez através da Lei de Delitos Mediáticos se pode agora fazer através esta lei orgânica".

Do mesmo modo, afirmou que o Episcopado venezuelano não está de acordo com a lei de educação porque promove uma educação laicista, "retirando o direito das crianças a receber a educação religiosa, da preferência de seus pais".

O Arcebispo indicou que a Igreja fará "todo o possível por levar adiante a educação religiosa na medida em que a lei o permita", embora fora do horário escolar seja quase impossível levar "essa elevação espiritual e moral aos jovens venezuelanos".