Prosseguindo a catequese sobre São Paulo, o Papa Bento XVI abordou nesta quarta-feira o tema da relação do Apóstolo dos gentis com a figura histórica de Jesus, e destacou que Jesus segue vivendo e falando aos homens hoje.

"Parece seguro que Paulo não encontrou a Jesus durante sua vida terrestre", disse o Pontífice, e destacou que "através dos apóstolos e da Igreja nascente soube detalhes sobre a vida de Jesus e em suas cartas encontramos referências à figura de Jesus antes da Páscoa". O Santo Padre lembrou  também que nas cartas paulinas há referências à tradição narrada nos evangelhos sinóticos, como "o ensinamento de Jesus sobre os simples e os pobres". "Quando Paulo fala da obediência de Jesus até a morte, sabe da Paixão  da Cruz e conhece o modo em que viveu estes momentos definitivos de sua vida. A Cruz de Jesus e a tradição sobre esta Cruz já estão no centro do kerygma paulino".

"Paulo conhece também outro pilar do ensinamento de Jesus, o Sermão da Montanha", como consta na Carta aos Romanos.

Bento XVI ressaltou que também se nota o rastro das palavras de Jesus na forma em que Paulo transpõe "a tradição pre-pascal à situação depois de Páscoa", como no "tema do Reino de Deus que anunciava o mistério de Jesus e se transforma em cristologia. As mesmas disposições de Jesus para entrar no  Reino de Deus são válidas para o Paulo a propósito da justificação pela fé. Ambos pedem uma atitude de humildade e disponibilidade para acolher a graça de Deus".

"Outra forma de transformação fiel ao núcleo desejado por Jesus, encontra-se nos títulos de Jesus. antes de Páscoa, Jesus se chama a si mesmo "Filho do Homem",  depois de Páscoa é  o "Filho de Deus"".

"Por isso –explicou o Papa-, o título preferido do Paulo para o Jesus é 'Senhor', que indica sua divindade. Também Paulo toca a 'dimensão salvífica' de Cristo quando fala da 'morte de Jesus como resgate, como redenção, liberação e reconciliação'".

"Em conclusão, São Paulo não pensa em Jesus como um historiador, não o vê como um personagem do passado. Conhece certamente a tradição  sobre sua vida, mas não o trata como um pouco passado, mas sim como realidade de Jesus vivo".

"Jesus vive agora e fala agora conosco. Esta é a forma verdadeira de conhecer o Jesus e a tradição sobre Jesus", concluiu.