CARACAS, 20 de jun de 2007 às 02:46
O Vice-presidente da Conferência Episcopal Venezuelana (CEV), Dom Roberto Lückert, disse que as últimas ações autoritárias do Governo, como o fechamento da RCTV, geraram desilusão na população que já não acredita nos processos eleitorais porque os considera perder o tempo em algo "que não vai ter nenhum resultado".
"O povo perdeu a ilusão e o desejo de ir votar. Parece ridículo perder o tempo e perder o dinheiro para ir a um referendo no qual se sabe que não vai ter nenhum resultado. O povo não está acreditando nos processos eleitorais neste país, vamos de desencanto em desencanto", afirmou.
As declarações de Dom Lückert se dão após o Conselho Nacional Eleitoral propor um referendum revocatório de autoridades locais, que entretanto não teve a acolhida esperada por parte da população.
Do mesmo modo, respaldou os protestos dos estudantes em defesa da liberdade de expressão e da autonomia universitária, pois "estão saindo às ruas para defender os direitos constitucionais". Disse que estas manifestações são o "oxigênio da juventude" logo depois de anos de letargia ante os problemas do país.
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"A juventude está dando lutando pela Venezuela, pela liberdade, pelo respeito aos direitos constitucionais dos venezuelanos", expressou o também Arcebispo de Coro.
Dom Lückert afirmou que as ameaças do Presidente Hugo Chávez contra a autonomia universitária se devem ao rechaço que tem por "tudo aquilo que possa dissentir, criar sombra ao poder hegemônico e autocrático, que de socialismo só tem o 'S', porque isto é uma autocracia militar. Eles querem levar este país ao mar da felicidade cubana, ali não há autonomia universitária, liberdade de expressão".
Ao referir-se ao fechamento da RCTV, o Vice-presidente da CEV disse que esta ação arbitrária do Governo originou um sentimento de frustração na população porque "as esperanças que tinham no Presidente da Republica e seu projeto veio ao chão, e o povo percebe que isto de fechar RCTV, porque lhe dá a vontade (anuncia que) virão outras medidas deste tipo".
Finalmente, o Prelado indicou que em sua próxima reunião, o Episcopado tratará a problemática do país.

