No discurso da sessão inaugural da V Conferência Geral do Episcopado Latino -americano e do Caribe, o Papa Bento XVI explicou que ante a pobreza e miséria, a resposta que se deve dar é a da construção de estruturas justas e a denúncia e luta contra aquelas que geram injustiças.

"As estruturas justas são, como disse, uma condição indispensável para uma sociedade justa, mas não nascem nem funcionam sem um consenso moral da sociedade sobre os valores fundamentais e sobre a necessidade de viver estes valores com as necessárias renúncias, inclusive contra o interesse pessoal", prosseguiu.

"Onde Deus está ausente –o Deus do rosto humano de Jesus Cristo– estes valores não se mostram com toda sua força, nem se produz um consenso sobre eles. Não quero dizer que os não crentes não possam viver uma moralidade elevada e exemplar; digo somente que uma sociedade em que Deus está ausente não encontra o consenso necessário sobre os valores morais e a força para viver segundo a pauta destes valores, até contra os próprios interesses", continuou o Papa.

Ao falar das estruturas justas, Bento XVI indicou que o trabalho político que implica as construir "não é competência imediata da Igreja. O respeito de uma sã laicidade –incluso com a pluralidade das posições políticas– é essencial na tradição cristã autêntica. Se a Igreja começasse a transformar-se diretamente em sujeito político, não faria mais pelos pobres e pela justiça, mas sim faria menos, porque perderia sua independência e sua autoridade moral, identificando-se com uma única via política e com posições parciais opináveis".

"A Igreja é advogada da justiça e dos pobres, precisamente ao não identificar-se com os políticos nem com os interesses de partido. Só sendo independente pode ensinar os grandes critérios e os valores, orientar as consciências e oferecer uma opção de vida que vai mais à frente do âmbito político. Formar as consciências, ser advogada da justiça e da verdade, educar nas virtudes individuais e políticas, é a vocação fundamental da Igreja neste setor", continuou o Santo Padre.

Logo depois de indicar que as estruturas justas devem construir-se constantemente, o Papa explicou que "por tratar-se de um Continente de batizados, convém encher a notável ausência, no âmbito político, comunicativo e universitário, de vozes e iniciativas de líderes católicos de forte personalidade e de vocação abnegada, que sejam coerentes com suas convicções éticas e religiosas".

"Os movimentos eclesiais têm aqui um amplo campo para recordar aos laicos sua responsabilidade e sua missão de levar a luz do Evangelho à vida pública, cultural, econômica e política", indicou.