O Cardenal  Miguel Obando y Bravo, que preside a Comissão de Paz e Reconciliação" criada pelo atual governo sandinista,  assinalou energicamente neste domingo que jamais pediu armas ao governo americano para a 'Contra', o exército irregular que se enfrentou com as armas ao primeiro governo criado depois da revolução sandinista (1979-1990).

No domingo passado, o matutino local El Nuevo Diario publicou uma entrevista à poetisa Michelle Najlis, uma antiga militante sandinista, que acusou o Cardeal, sem oferecer nenhuma prova, de ter solicitado armas para a "Contra".

Najis, que foi ativista da autodenominada "igreja popular" inspirada pela teologia da libertação marxista na Nicarágua como um ramo da revolução sandinista, afirmou que "Obando foi pedir armas aos estrangeiros (Estados Unidos) para a Contra".

"Nem então, nos momentos mais duros das guerras, nem nunca administrei armas para nenhuma pessoa", respondeu o Cardeal em um pronunciamento escrito intitulado "A fofoca e a calúnia", que divulgou neste domingo Radio La Primerísima.

O Cardeal assinalou também que quando correspondeu intervir em conflitos procurou sempre "o diálogo como único meio de obter a paz e a reconciliação entre todos os nicaragüenses, sem exclusão".

O Cardeal recordou além disso um episódio do conflito armado: em uma das mediações em que participou durante a guerra civil, "enquanto se fazia um alto ao fogo", um grupo de pessoas "que tinha sofrido fortemente as conseqüências dos combates" solicitou-lhe que ajudasse a conseguir armas para enfrentar a seus adversários. O Arcebispo emérito de Manágua assinalou que sua resposta foi: "A paz não se consegue com as armas, mas podem contar que administrarei ajuda humanitária".

"Por isso, afirmo que é absolutamente falsa a declaração da senhora Michelle Najlis", concluiu.

Fontes sandinistas reconheceram que Najlis carece de provas para sustentar sua afirmação, mas que conserva um forte ressentimento para o Cardeal porque este foi decisivo para impedir a difusão da "igreja popular" na Nicarágua.