As feministas da Rede de Mulheres insurgentes desconcertaram a centenas de transeuntes no centro de Guadalajara com uma grotesca marcha a favor do aborto para zombar a Igreja, os sacerdotes, a defesa da vida e a Virgem de Guadalupe.

No que a imprensa mexicana chamou uma "marcha bufa a favor da despenalização do aborto", as ativistas anti-vida –que anunciaram a presença de mil e quinhentos manifestantes e só reuniram cem pessoas– desdobraram uma paródia na via pública em que se observava a um ator representando a um sacerdote pederasta gritando: "Que morram todas as velhas, mas que não matem às crianças, porque necessito de material!".

O ator era seguido por dois carregadores de maca idosos que carregavam uma mulher ensangüentada e apresentada como "vítima de um aborto clandestino", e uma parteira de peruca loira e óculos escuros, também manchada de sangue.

A meio-dia, dois atores representando membros do fictício Partido Católico percorreram uma das avenidas principais de Guadalajara a bordo de um automóvel antigo gritando com um alto-falante "Não ao aborto. Assassinos".

Os manifestantes que acompanhavam o falso sacerdote faziam coro de lemas como "fora terços de nossos ovários!", "se o cardeal se engravidasse, o aborto seria aprovado!" ou "aquele que esteja a favor da vida, que pague a comida!".

Alguns distribuíram folhetos conhecidos como "santinhos", onde se vê uma imagem da Virgem de Guadalupe com as palavras: "nos conceda o direito de decidir sobre nossos corpos e nos dê a graça de não ser virgens nem mães. venha a nós o direito de questionar se for bendito o fruto de nossos ventres".