Ao presidir esta tarde na Basílica de São Pedro uma Missa pelo segundo aniversário da morte de João Paulo II, o Papa Bento XVI assegurou que "o perfume de seu amor 'encheu toda casa', quer dizer, toda a Igreja".

O Papa disse que no evangelho de hoje, o gesto da unção dos pés de Jesus que realiza Maria de Betânia "evoca o luminoso testemunho do amor por Cristo sem reservas e sem limitações que João Paulo II nos ofereceu".

Ante milhares de peregrinos, muitos deles poloneses, alguns cardeais e bispos, e após recordar que este segundo aniversário se emoldura na Semana Santa, o Pontífice descreveu que o ato de Maria narrado pelo evangelista João "fala do amor por Cristo, um amor que superabunda, pródigo, com o ungüento 'precioso' que joga a seus pés" "Para nós, reunidos em oração na lembrança de meu venerado predecessor, o gesto da unção de Maria de Betânia tem grande sentido espiritual", acrescentou.

"A estima, o respeito e o afeto que os fiéis e não fiéis que expressaram a sua morte não foram acaso um eloqüente testemunho?", perguntou o Santo Padre e recordou as palavras de Santo Agostinho quando comenta esta passagem evangélica: "A casa se encheu de perfume, quer dizer que o mundo se encheu de boa fama. O bom aroma é a boa fama... Pelo mérito dos bons cristãos o nome do Senhor é louvado". "É real, o intenso e frutífero ministério pastoral, e além disso o calvário da agonia e a serena morte de nosso amado Papa, têm-nos feito conhecer os homens de nosso tempo que Jesus Cristo era verdadeiramente 'todo' dele", acrescentou Bento XVI.

"A fecundidade deste testemunho –prosseguiu o Papa– sabemos, depende da Cruz. Na vida de Karol Wojtyla palavra 'cruz' năo era apenas uma palavra. Da infância e na juventude conheceu a dor e a morte. Como sacerdote, como bispo e sobre tudo como Sumo Pontífice, tomou muito a sério aquele último chamado de Cristo Ressuscitado a Simão Pedro, na beira do lago da Galiléia: 'Me siga'".

"Especialmente com o lento, mas implacável progresso da enfermidade, que pouco a pouco o acabou totalmente, sua existência se fez inteiramente uma oferenda a Cristo, anúncio vivente de sua paixão, na esperança cheia de fé na ressurreição", adicionou.

Bento XVI disse também que o pontificado de João Paulo II "se desenvolveu no sinal da 'prodigalidade', de ser generoso sem reservas. Que coisa o moveu além do amor místico por Cristo, em 16 de outubro de 1978, quando disseram as palavras do cerimonial: 'Magister adest et vocat te': O Mestre é quem te chama? Em 2 de abril de 2005, o Mestre voltou, esta vez sem intermediários, a chamá-lo para levá-lo a sua casa, à Casa do Pai. E ele, uma vez mais, responde prontamente com o coração intrépido e sussurrou: "Deixai-me ir à Casa do Senhor".

Em seguida, o Santo Padre assegurou que "o perfume da fé, a esperança e a caridade do Papa encheu sua casa, encheu a Praça de São Pedro, encheu a Igreja e se estendeu ao mundo inteiro. O que aconteceu depois de sua morte foi, para quem acredita, efeito do 'perfume' que chegou a todos, próximos e longínquos, e os atraiu para um homem que Deus havia progressivamente conformado a Cristo".

Ao falar de João Paulo II como Servo de Deus, o Santo Padre ressaltou que este é "um título particularmente apropriado para ele. O Senhor o chamou a seu serviço pelo caminho do sacerdócio e abre os caminhos cada vez mais: desde sua diocese até a Igreja universal. Esta dimensão de universalidade chegou a sua máxima expressão no momento de sua morte, acontecimento que o mundo inteiro seguiu com uma participação jamais vista na história".

Depois de afirmar que já podemos vigiar a "luz da ressurreição de Cristo, que refulgirá na Vigília pascal depois dos dramáticos acontecimentos da Sexta-feira Santa", o Papa Bento XVI destacou que o "Totus tuus do amado Pontífice nos estimula a segui-lo no caminho do dom de nós mesmos a Cristo, por intercessão de Maria".