Em resposta às pressões anticlericais apresentadas pelos partidos de esquerda que pretendem legalizar o aborto no Distrito Federal, a Secretaria do Governo destacou que a Igreja Católica tem todo o direito a pronunciar-se em público sobre o aborto.

A raiz do projeto de lei que converteria o assassinato de crianças no ventre materno em um ato legal no DF, o Arcebispado do México iniciou uma campanha para mobilizar os fiéis contra o aborto.

A coalizão de esquerda que promove a legalização do aborto imediatamente denunciou ante a Secretaria do Governo uma suposta "intervenção" da Igreja na política que, conforme argüiram, seria "ilegal"; e ameaçaram esta entidade para atuar contra a Igreja.

Entretanto, Florencio Salazar, Subsecretário de População, Migração e Assuntos Religiosos da Secretaria, assinalou que a Igreja "como em qualquer sociedade democrática, tem todo o direito a emitir opiniões".

Em resposta às denúncias dos abortistas, Salazar recordou que "há quinze anos que se reformou o artigo 130 da Constituição e se reconheceu a personalidade jurídica das associações religiosas e os ministros de culto"; e destacou que "em um sistema democrático, o eixo fundamental é a tolerância".

Alguns dos setores abortistas mais radicais apresentaram uma querela contra o Cardeal Alfonso López Trujillo, Presidente do Pontifício Conselho para a Família, por expressar-se a favor do direito à vida no México e em todo mundo. O Cardeal participou, no dia 24 de março, do Terceiro Congresso Internacional Pró-vida, realizado na capital mexicana.

O Cardeal "não está transgredindo nenhuma lei; está participando do marco de um tema que é parte doutrinal da Igreja a qual pertence", explicou Salazar, ao revelar que nenhuma questão legal tinha sido interposta contra o Cardeal; e que tampouco se havia efetivado ante a Secretaria do Governo a ameaça de exigir sua "expulsão do país", feita por algumas deputadas abortistas do PRD encabeçadas pela feminista Leticia Quezada.

Por sua parte, o porta-voz da Arquidiocese Primaz do México, Hugo Valdemar, destacou que as deputadas feministas faziam demonstração de "intolerância e ignorância" com a ameaça.

"O Cardeal López Trujillo foi convidado ao México há um ano e não pela Comissão da discussão da reforma de lei em matéria de despenalização do aborto na capital mexicana", explicou Valdemar.

"Nada das atividades transgride a legislação mexicana, que garante a liberdade de expressão de todos, ainda apesar de quem pretende monopolizar o debate," concluiu.