O Núncio Apostólico ante as Nações Unidas, Dom Celestino Migliore, afirmou hoje que “se o trabalho for uma parte essencial da vocação humana, solo o trabalho decente pode servir para a promoção da dignidade humana e o lucro do desenvolvimento social”.

Assim expressou o Arcebispo ante este órgão que celebra sua 45° sessão para o Desenvolvimento Social sobre a promoção de emprego decente para todos. Em seu discurso, Dom Migliore afirmou também que “os pais que trabalham, homens e mulheres, devem ser assistidos, se for necessário inclusive com leis, para que possam contribuir sua única e insubstituível contribuição aos filhos na etapa de crescimento, ao evidente benefício de toda a sociedade”.

O Prelado disse também que “é também importante que os homens e mulheres com família recebam um salário adequado que permita cobrir as necessidades familiares, especialmente as relacionadas às responsabilidades que têm para com seus filhos”. “Um salário justo também supõe a eliminação da necessidade, algumas vezes forçada pela extrema pobreza, de ter que obrigar os filhos a trabalhar, em detrimento de sua educação, sua infância e seu crescimento como adultos saudáveis”, acrescentou.

“Além de toda consideração, a exploração infantil é um assunto moral: é uma violação da dignidade a que toda pessoa, sem importar por menor ou quase sem importância que possa parecer, tem direito”, advertiu o Prelado.

Depois de denunciar o “escândalo da extrema pobreza” e a necessidade que têm os estados de evitá-la dando trabalho decente a todos para obter o desenvolvimento social, o Núncio expressou que os governos devem encontrar maneiras de “alentar os adultos a continuarem no mercado de trabalho”. “Os trabalhadores jovens também devem ser educados para apreciar, trabalhar e respeitar o talento e a experiência que apenas os adultos podem levar ao trabalho”, acrescentou.

O Arcebispo também denunciou a discriminação que a mulher enfrenta no mundo trabalhista. “A igualdade deve ser entendida através do pagamento igualitário pelo mesmo trabalho, amparo para as mães trabalhadoras e justiça no avanço de um trabalho”, precisou o Observador Permanente da Santa Sede.

Ao falar dos imigrantes e de sua importante contribuição à economia do país que os acolhe, Dom Migliore explicou que “com freqüência estão motivados pelo simples feito de trabalhar para sustentar suas famílias. Eles também merecem um pagamento igual e o mesmo amparo ante a lei, e não menos que isso porque são eles quem têm que fazer o trabalho que ninguém mais quer”. Além disso, o Prelado indicou que se deve gerar os procedimentos legais que permitam que as famílias se reúnam, evitando assim males como a prostituição, a escravidão moderna e outros nos países que os recebem.

“Um objetivo constante da política global, nacional e internacional, deve ser, com certeza, o balanço entre o desenvolvimento econômico e a justiça social, defendidos pela lei, que proteja os trabalhadores e promova seus direitos, especialmente daqueles que ganham muito pouco por seu trabalho ou cujo trabalho é potencialmente inseguro ou insatisfatório humanamente falando”, disse o Arcebispo.

O Arcebispo explicou que além disso “a Santa Sé entende por trabalho decente àquele que é devidamente remunerado e valioso para a pessoa. O trabalho é um direito e é dever de toda pessoa contribuir para o bem-estar da sociedade e de toda a família humana O trabalho dignifica a quem o realiza, mas também tem que dignificar em si mesmo”.