O abade Pierre, uma das figuras mais representativas e polêmicas do catolicismo francês, morreu nesta segunda-feira aos 94 anos de idade no hospital Val de Grace de Paris.

Martin Hirsch, Presidente de Compagnons d'Emmaus, a organização para pobres e refugiados fundada pelo abade em 1949, informou que os funerais do abade se realizarão no fim de semana “na mais estrita intimidade, no cemitério da comunidade de Esteville"; embora o governo francês anunciasse que o frade franciscano capuchinho  receberá honras de estado.

O abade Pierre, cujo nome de batismo era Henri Groues, nasceu em 5 de agosto de 1912 em Lyon e foi ordenado sacerdote em 1938.  Durante a Segunda guerra mundial ajudou os judeus a fugirem da perseguição nazista; assim iniciou uma campanha maciça de ajuda aos mais necessitados, especialmente das famílias sem teto, mediante a venda de produtos jogados no lixo e reciclados; dando assim origem à fórmula caridosa da comunidade de Emaús.

Além de ser um eloqüente defensor dos mais pobres e dos imigrantes, o abade Pierre foi autor de numerosos livros, entre eles duas autobiografias intituladas 'Testament' em 1994  e  Mon Dieu...pourquoi? (“Deus meu por quê?” (2005). A segunda obra causou especial polêmica, pois nela o abade reconheceu que tinha sido freqüentemente infiel a seu voto de celibato; uma vez que expressou uma posição abertamente contrária aos ensinamentos da Igreja em matéria de sexualidade e sacerdócio.