O membro da Pontifícia Comissão Ecclesia Dei, Cardeal Jorge Medina Estévez, afirmou que o documento que "irá liberar" a celebração da Missa em latim foi estudado com calma e está perto de ser publicado.

Segundo o jornal espanhol La Razón, o Cardeal afirmou que "a publicação do Motu Proprio por parte do Papa (Bento XVI) no qual irá liberar a celebração da Missa em latim segundo o missal de São Pio V está próximo". Acrescentou que "discutiu-se a respeito durante mais de quatro horas, efetuando algumas correções ao texto". O documento deve ser apresentado ao Pontífice para sua aprovação final.

O jornal indicou que a publicação deste texto "poderia supor uma aproximação aos lefebvrianos que continuam celebrando de acordo com este missal e não reconhecem a reforma litúrgica posterior ao Concílio Vaticano II". Entretanto, para pôr fim ao cisma lefebvriano, "seria necessário que assumissem também de forma íntegra todo Magistério emanado do Concílio Vaticano II".

Atualmente só se pode celebrar a Missa no Rito de São Pio V se houver uma permissão escrita do bispo diocesano. La Razón indicou que segundo fontes vaticanas, "com esta disposição papal se poderia autorizar o uso universal deste missal, quer dizer, poderia celebrar com ele qualquer sacerdote sem necessidade de uma autorização prévia".

O cisma

O bispo francês Dom Marcel Lefebvre fundou em 1970 a Fraternidade Sacerdotal São Pio X, formada por fiéis e sacerdotes opostos às disposições do Concílio Vaticano II. Diante de sua resistência a aceitar as disposições do Papa e o Magistério conciliar, foi suspenso "a divinis" pelo Paulo VI em 1976.

Em 1988 Dom Lefebvre ordenou a quatro bispos sem a autorização do Papa João Paulo II, incorrendo de acordo com o artigo 1382 do Código de Direito Canônico, em excomunhão "latae sententiae", e com isso em cisma definitivo com a Igreja. Diante desta situação, o Pontífice criou a Comissão Ecclesia Dei para aproximar posturas com o grupo e acabar com a divisão.