Ao terminar a primeira jornada de sua viagem pastoral à Turquia, o Papa Bento XVI se reuniu com o Corpo Diplomático credenciado no país e afirmou que chegou ao país como um "apóstolo do diálogo e da paz", renovou seu chamado pela paz mundial e reiterou que as religiões devem rejeitar sempre a violência.

O Pontífice assegurou que "as autoridades civis de todo país democrático estão obrigadas a garantir a liberdade eficaz de todos os crentes e lhes permitir organizar livremente a vida de suas comunidades religiosas. Naturalmente é minha esperança que os crentes, que pertençam a qualquer comunidade religiosa, sigam beneficiando-se destes direitos, posto que estou certo de que a liberdade religiosa é uma expressão fundamental da liberdade humana e a presença ativa das religiões na sociedade é uma fonte de progresso e enriquecimento para todos".

"Isto implica, é obvio, que as religiões não tentem exercer poder político direto, já que esse não é seu território, e também implica que rejeitem completamente o recurso à violência como expressão legítima da religião. Neste assunto, apreciou o trabalho da comunidade católica na Turquia, pequena em número mas profundamente comprometida em contribuir em tudo o que puder com o desenvolvimento do país, educando notavelmente os jovens, e construindo a paz e harmonia entre todos os cidadãos", indicou.

Do mesmo modo, lembrou que "a Turquia serviu sempre como ponte entre o Oriente e Ocidente, entre a Ásia e Europa, e como intercessão de culturas e de religiões. Durante o século passado, adquiriu os meios para converter-se em um grande estado moderno, notavelmente com a opção de um regime secular, com uma distinção clara entre a sociedade civil e a religião, cada uma das quais deve ser autônoma em seu próprio domínio enquanto respeita a esfera da outra".

"O fato de que a maioria da população deste país seja muçulmana é um elemento significativo na vida da sociedade, que o estado não pode deixar de considerar, embora a Constituição Turca reconheça o direito de cada cidadão à liberdade de culto e a liberdade de consciência", precisou.

Em sua exortação pela paz mundial, o Papa recordou que os esforços para este fim serão insuficientes "a menos que haja um diálogo autêntico, que deve ser um debate frutífero entre as partes envolvidas, para obter soluções políticas duradouras e aceitáveis, respeitosas das pessoas e dos povos".

Mencionou especialmente "o preocupante conflito no Oriente Médio, que não mostra sinal algum de diminuição e peso enormemente em toda a vida internacional", assim como "os conflitos periféricos que se multiplicam e a difusão das ações terroristas".

Também, reiterou sua "grande estima para os muçulmanos" e os animou a seguir "trabalhando juntos, em respeito mútuo, para promover a dignidade de cada ser humano e o crescimento de uma sociedade onde a liberdade pessoal e o cuidado com os demais proporcionem paz e serenidade para todos".

"Com certeza, o reconhecimento do papel positivo das religiões dentro da sociedade pode e deve nos impulsionar a explorar mais profundamente seu conhecimento do homem e respeitar sua dignidade, colocando-o no centro da atividade política, econômica, cultural e social. Nosso mundo deve se dar conta de que toda a gente está ligada pela profunda solidariedade do um com o outro, e deve ser animada a afirmar suas diferenças históricas e culturais não pelo confronto, mas para fomentar o respeito mútuo", explicou.

Finalmente, precisou que a Igreja "recebeu uma missão espiritual de seu Fundador e portanto não tem intenção alguma de intervir diretamente na vida política ou econômica. Entretanto, em virtude de sua missão e sua larga experiência da história das sociedades e culturas, deseja fazer escutar sua voz no debate internacional, de modo que a dignidade fundamental do homem, especialmente do mais fraco, seja sempre honrada".

"O mundo está experimentando um desenvolvimento extraordinário da ciência e da tecnologia, com conseqüências quase imediatas para a medicina, a agricultura e a produção alimentícia, mas também para a comunicação do conhecimento; este processo não deve carecer de direção ou um ponto de referência humano, quando se relaciona com o nascimento, a educação, a forma de vida ou trabalho, a velhice, ou a morte. É necessário reposicionar o progresso dentro da continuidade de nossa história humana e assim dirigi-lo segundo o plano escrito em nossa natureza pelo crescimento da humanidade - um plano expresso pelas palavras do Livro do Gênesis: ‘Sede fecundos, multiplicai-vos, enchei a terra e submetei-a’", concluiu.

Para ler o discurso completo, acesse: http://www.acidigital.com/bentoxvi/viagem/turquia06/discursos2.htm