Durante o discurso pronunciado ontem na 61° Assembléia das Nações Unidas, o Observador permanente da Santa Sé, Dom Celestino Migliore, advertiu que o conceito de "saúde reprodutiva" não deve se tornar um instrumento para impulsionar o aborto, mas para reduzir a mortalidade materna.

Ao comentar o recente relatório do Secretário Geral da ONU sobre o processo de reforma do organismo, Dom Migliore lembrou que a reforma "não é um evento, mas sim um processo, e este ano marca uma importante ocasião para assegurar que tal processo continua".

O Arcebispo apoiou a necessidade da ONU como um organismo capaz de prevenir conflitos e proteger os agredidos, e recordou a preocupação da Santa Sé pelo estancamento das negociações multilaterais sobre desarmamento e não proliferação de armas".

O Observador permanente da Santa Sé pôs a maior ênfase, entretanto, em destacar que "o Documento Final da Cúpula Mundial foi cuidadosamente negociado e foi um texto bem redigido com o fim de equilibrar posições fortemente defendidas".

"Portanto, –continuou– é da mais alta importância que ao implementar este documento, asseguremos o respeito necessário para que o delicado equilíbrio se mantenha. Com este fim, é importante reafirmar que ‘assegurar acesso à saúde reprodutiva para 2015’, como aparece no parágrafo 24, foi visto por nossas líderes como um meio para alcançar o objetivo de reduzir a mortalidade materna em vez de ser um objetivo em e por si mesmo".

O comentário do Prelado se referiu claramente ao esforço das organizações feministas e abortistas para incluir o termo "saúde reprodutiva" como um eufemismo do aborto, e obter assim impô-lo mundialmente para o 2015.

A Cúpula Mundial rejeitou a interpretação de "saúde reprodutiva" como aborto, concedendo assim uma importante vitória pró-vida. Entretanto, o temor da Santa Sé e de outras nações é que o termo seja usado pelos organismos da ONU –onde a presença pró abortista é significativa– de maneira contrária à decisão final da cúpula.