O Bispo de Córdoba, Dom Juan José Asenjo, advertiu neste domingo que se está produzindo "uma transformação da sociedade tão profunda que poderia ser considerada como uma autêntica revolução do conjunto da sociedade espanhola e da tradição cristã, que, em muitos casos, é substituída por uma releitura laicista da história".

Acrescentou que esta nova cultura, "de um marcado acento imanentista, encontra em muitos casos o apoio explícito dos meios de comunicação social, em ocasiões pouco respeitosos com os sentimentos religiosos da maioria dos espanhóis".

Em sua carta pastoral para o curso pastoral 2006-2007, Dom Asenjo indicou que estas mudanças sociais se produzem no marco de uma sociedade "em boa medida desagregada, desinteressada e pouco participativa".

Diante desta situação, o Bispo de Córdoba lamentou que os pronunciamentos da Igreja sobre temas morais, "claramente dentro do campo que lhe é próprio, são qualificados como intolerantes e anacrônicos, ao tempo que se postula a exclusão da Igreja e do catolicismo da vida pública e sua reclusão no âmbito das opções meramente privadas, sem lhe conceder nenhum protagonismo em uma sociedade nova, progressista, liberal e democrática".

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Neste sentido, considerou que este novo clima social e cultural tem "graves repercussões" na ação pastoral da Igreja, porque, em sua opinião, favorece a "descristianização, dificulta a comunhão eclesial, provoca o obscurecimento e o abandono dos princípios morais cristãos, propícia a secularização da fé e da vida cristã e, em definitiva, eclipsa a visão cristã da vida e do mundo em ordem a manifestar-se e influir na vida pública".

Do mesmo modo, assinalou que valores que emanam do Evangelho e sua profissão pública não são considerados como socialmente aceitáveis pela cultura dominante, "da qual em boa medida se ecoam os meios de comunicação social".

Nesta linha, remeteu-se às valorações efetuadas pela Conferência Episcopal e citou a nova lei de matrimônio; a relação entre pessoas do mesmo sexo; a nova lei do divórcio; a reforma e extensão da legislação que regula a reprodução humana e a experimentação com embriões, permitindo a 'clonagem terapêutica'; e na nova Lei Orgânica de Educação (LOE), leis que verificam esta perspectiva humanamente pouco alentadora, cuja aplicação pode vulnerar gravemente os direitos dos pais a que seus filhos sejam educados segundo suas convicções religiosas".