Ao receber hoje em Castel Gandolfo um grupo de bispos canadenses, o Papa Bento XVI lamentou a perda e distorsão dos autênticos valores, quando se argumenta uma suposta “tolerância” e “liberdade de  decidir” para atentar contra a natureza, dignidade e direitos das pessoas.

Perante os prelados da Conferência Episcopal de Ontário-Canadá em visita "ad limina", o Santo Padre constatou que "a ruptura entre Evangelho e cultura, com a  exclusão de deus da esfera pública, é um obstáculo na difusão do Reino de Deus". Apesar de seu compromisso com a justiça e a paz, disse o Papa, no Canadá, entretanto, “se perderam alguns valores”.

“Em nome da ‘tolerância’, vosso país teve que suportar a loucura de redefinir o termo esposo, e em nome da ‘liberdade para decidir’  enfrenta diariamente a destruição de  crianças que vão nascer. Quando se ignora o plano divino do Criador,  perde-se a  verdade da natureza humana", disse o  Santo Padre.

Assim, acrescentou o Pontífice, "a democracia só tem êxito quando se baseia na  verdade e em uma capacidade correta da pessoa humana. A participação dos católicos na vida política não pode colocar em risco este princípio”.

“Em vossas discussões com políticos e com representantes civis vos animo a demonstrar  que nossa fé cristã, não é um impedimento para o diálogo, mas sim, uma ponte, precisamente porque une razão e cultura", prosseguiu.

Apostolado da “caridade intelectual”

Em sua alocução, o Papa destacou que "a tarefa fundamental da evangelização da cultura é desafio  de fazer Deus visível no rosto humano de Jesus". Neste contexto, pediu aos bispos que ao ajudar as pessoas a "reconhecer e experimentar o amor de Cristo", despertarão neles "o desejo de morar na casa do Senhor, abraçando a vida da Igreja. Esta é nossa missão".

Finalmente, Bento XVI destacou que o relativismo "supõe um obstáculo insidioso para a educação". Por isso, acrescentou, "é especialmente urgente o apostolado da "caridade intelectual", que sustenta a unidade essencial de conhecimento, guia os jovens à satisfação sublime de exercer sua liberdade em relação com a verdade, e afeta a relação entre fé e todos os aspectos da vida familiar e civil".