A doutora em filosofia e professora da Faculdade de Teologia da Universidade de Oxford, Benedicta Ward, qualificou de “injusto” o interesse pela sexualidade da Santa Teresa de Jesus em um novo filme que difama e denigre a Doutora da Igreja ao apresentá-la como uma feminista revolucionária sexual.

"A focalização do filme na virgindade e sexualidade da Santa é um interesse puramente moderno, como se ela estivesse viva. Isto é injusto”, escreve a religiosa em uma introdução para a última edição da obra da reformadora do Carmelo, "Vida", ao referir-se ao longa-metragem que apresenta suas experiências místicas como “orgasmos carnais”.

Ward, religiosa e professora de espiritualidade cristã, além de autora de numerosos livros em sua especialidade, assinala que Santa d'Ávila é “uma das maiores místicas da história” que “teve visões e as analisou e escreveu de uma maneira extraordinária".

"Teresa: Vida e Morte", é obra do roteirista e diretor espanhol Ray Loriga, que declarou que nesta versão “quis fugir da Santa Teresa das imagens de santinhos’ para aproximar-se a fundo dessa Teresa ‘mulher, humana, sexual, revolucionária, feminista, inteligente e eloqüente’”.

Em dezembro de 2005 o jornal socialista espanhol El País recolhia declarações de Loriga nas que afirmava que “Teresa foi uma das primeiras mulheres da história que se negou a aceitar os papéis femininos que lhe ofereciam a sociedade e a Igreja. Não quis ser nem Maria Madalena nem a Virgem Maria, esses dois arquétipos monstruosos; nem tampouco esposa e mãe escrava. Por isso escreveu 'a liberdade está na cela'”.

A co-produção hispano-franco-britânica foi qualificada em Grã-Bretanha de "blasfema" e "profana", enquanto que na Espanha foi denunciada a “orquestração mediática” a favor do filme protagonizado por Geraldine Chaplin e a espanhola Paz Vega.