Em uma entrevista concedida a Radio Vaticano, o Secretário pessoal do Papa Bento XVI revelou que se algo estiver presente em tudo o que faz e diz o Santo Padre, é seu desejo de manifestar que sozinho "a fé é a que dá a alegria de viver e a alegria para a vida".

O sacerdote alemão Georg Gänswein recebeu no ano de 2003 o cargo de secretário do Cardeal Joseph Ratzinger, serviço que manteve quando o agora Pontífice assumiu a sede de Pedro. Por ocasião de seu aniversário de 50 anos, o Padre Gänswein concedeu uma entrevista à emissora vaticano em que revelou que a vida cotidiana do Santo Padre está cheia de trabalho, mas sempre tem tempo para rezar e meditar.

Para o sacerdote, neste primeiro ano de Pontificado o mais sobressalente é que "o Santo Padre, não só com suas palavras, mas também com seus gestos e em todas formas quer manifestar que a fé é a que dá a alegria de viver e a alegria para a vida, esse é um traço essencial que destaca e está presente em tudo o que ele diz, o que dele acolhemos, e é essa alegria na fé a que se deve contagiar".

"O dia do Papa inicia com a Missa às sete da manhã, depois da oração do breviário, um tempo de contemplação, o silêncio perante o Senhor. Em seguida tomamos juntos o café da manhã, e então começa o dia para mim preparando a correspondência, recebendo o correio que chega todos os dias em massas não pouco consideráveis. Continua com alguns comentários com o Santo Padre, e então o acompanho como é costume às audiências privadas antes do meio-dia na ‘Seconda Logia. Em seguida almoçamos juntos, depois do qual damos um pequeno passeio antes do descanso. Segundo tempo, à tarde atendo novamente a correspondência, apresento ao Santo Padre aquilo mais importante que necessita sua assinatura, ou seu estudo e aprovação. Naturalmente há uma série de coisas que chegam ao Santo Padre mas que não entram propriamente na rotina ordinária, e que são de segundo, terceira ou quarta ordem", detalha o sacerdote.

Segundo o Padre Georg, uma de suas tarefas é "proteger o Santo Padre do enorme número de correspondências, papéis, cartas, para que ele possa fazer o que realmente lhe cabe, com a devida tranqüilidade".

Depois de reconhecer que "há elementos, que devem ser guardados e conservados fora de alcance do âmbito público", o sacerdote expressou que a responsabilidade recebida "para mim é naturalmente um sinal da confiança do Santo Padre para minha pessoa e por isso procuro em tudo o que faço, o que digo e o que não digo, me fazer sempre digno desta confiança. E por isso trato de que tudo aquilo que me confia, seja feito de modo que possa responder sempre com responsabilidade diante da minha própria consciência".

O sacerdote, que conhece pessoalmente o Papa há onze anos, não vê diferença alguma entre a pessoa do Joseph Ratzinger "como Cardeal Prefeito e como Papa". "Sem dúvida, o ofício acentua alguns traços, mas a personalidade, a amabilidade e a brilhantismo são os mesmos de sempre", indicou.

O Pai Georg explica "que o encontro cotidiano, o compartilhar de cada dia também permite uma certa familiaridade, que me reduzem toda possibilidade de nervosismo. Mas de fato sei muito bem quem é o Santo Padre, e sei portanto quando estou com ele, me comportar à altura das situações. Entretanto, há algumas ocasiões nas que o coração se acelera um pouquinho mais que o normal".