A Santa Sé apresentou hoje o primeiro rascunho ("Lineamenta") da II Assembléia Especial para a África do Sínodo dos Bispos cujo tema aprovado pelo Papa Bento XVI será "A Igreja na África a serviço da reconciliação, da justiça e da paz. "Vós sois o sal da terra... Vós sois a luz do mundo" (Mt 5, 13.14)".

A apresentação, ocorrida nesta manhã na Sala de Imprensa da Santa Sé, foi feita pelo Prefeito da Congregação para o Culto Divino e a Disciplina de Sacramentos, Cardeal Francis Arinze, e o Secretário geral do Sínodo, Arcebispo Nikola Eterovic.

Durante a coletiva de imprensa, o Cardeal contextualizou o "Lineamenta" nos sinais alentadores relativos à vida da Igreja na África e nos problemas e desafios para a reconciliação, a justiça e a paz nas sociedades africanas.

"Não obstante a situação da Igreja seja muito diferente nas cinqüenta e três nações africanas, o crescimento é um dado de fato", disse o Cardeal aludindo ao grande número de batismos celebrados cada ano e ao aumento de candidatos ao sacerdócio que transbordam os seminários e noviciados. Deste modo se referiu às "muitas causas de beatificação em curso, entre elas a do presidente da Tanzânia, Julius Nyerere".

Apesar destes sinais animadores, a Igreja na África, acrescentou, "não está encerrada em si mesma", pois "compartilha as alegrias, as esperanças, os problemas e os desafios da sociedade africana".

"A situação dolorosa de violência e guerra na Somália, a tragédia de Darfur e as circunstâncias, ainda irresolutas, da Costa do Marfim, República Democrática do Congo e, em algumas zonas da região dos Grandes Lagos, despertam preocupação", assinalou o Cardeal africano como alguns dos problemas que afligem ao continente.

Ao se referir aos desafios , o Cardeal Prefeito mencionou "a construção de uma nação na harmonia e o desenvolvimento pacífico, devido aos numerosos grupos étnicos que as potências coloniais reuniram em um único país, como é o caso da Nigéria. Além disso, a pobreza, a miséria e sobre tudo a AIDS, são problemáticas concretas que afetam ou ameaçam a amplas camadas da população".

Finalmente, fez referência a situações positivas como "a transição gradual do apartheid à democracia na África do Sul, as eleições do Senegal, Gana, Malawi e Zâmbia vencidas sem contrastes pelos partidos da oposição e os passos significativos para uma maior democratização em muitas nações".

Por sua vez, o Arcebispo Eterovic assinalou que nos Lineamenta se descreve a situação social, econômica, política, cultural e religiosa do continente e se examina o papel das religiões, em particular, a relação entre o cristianismo e o Islã e se ressalta que frente aos graves problemas atuais, "Jesus Cristo se apresenta como o Salvador".

Do mesmo modo, o Secretário geral do Sínodo dos Bispos disse que o documento destaca que em um continente marcado por guerras, "a Igreja está chamada a desenvolver o papel profético da reconciliação" e faz insistência na urgência da educação dos leigos católicos.

O Arcebispo assinalou finalmente que "o Santo Padre indicará em seu momento a data da celebração" do Sínodo. O primeiro sínodo africano se celebrou em 1994.