A associação pró eutanásia "Direito de Morrer Dignamente" (DMD) admitiu nesta segunda-feira ter dado "informação técnica" para que Jorge León Escudero, o pentaplégico falecido em Valladolid, acabasse com sua vida na quinta-feira passada.

Assim divulgou a porta-voz do DMD, Ángela María Jaramilla, que confessou que León Escudero "ficou em contato conosco através de um e-mail nos pedindo ajuda. Nós lhe demos informação 'técnica' de acordo com a legislação sanitária vigente na Espanha".

"Nós lhe aconselhamos que, com sua paralizia, onde dependia de respiração assistida, precisaria de sedação prévia para que não sofresse muito antes de morrer", disse a coordenadora de voluntários da associação que promove a legalização do suicídio assistido.

Do mesmo modo, Jaramilla pediu um "reconhecimento público" a pessoas como Ramón San Pedro –o tetraplégico que se suicidou assistido por um familiar em 1998– e Jorge León "que deram seu nome para fazer uma luta em nível social".

Por sua vez, o presidente do DMD, Fernando Marín, disse que estender a mão para oferecer a possibilidade de deixar de viver a "uma pessoa que sofre uma vida deteriorada de forma irreversível é um ato de compaixão própria de uma sociedade civilizada em que se respeita a liberdade de todo ser humano". Essa pessoa ou pessoas que ajudam outras pessoas a libertar-se de um " sofrimento absurdo têm", na sua opinião, "muitos motivos para estar orgulhosos deste ato de compromisso com o próximo".

León Escudero foi encontrado morto em sua cadeira de rodas, desligado do respirador artificial que o mantinha com vida e junto a um copo. Em um blog na Internet, León, de 53 anos, tinha expressado dias antes seu desejo de acabar com sua vida e pediu que alguém lhe estendesse "uma mão amiga" para deixar de viver.

Pressão pró-eutanásia

A morte de León, depois de seis anos de ficar imóvel por um acidente doméstico, deu pé a diversas associações para não só manifestar-se a favor da eutanásia, mas também para tentar pressionar as autoridades governamentais e a opinião pública.

Assim, o porta-voz da Federação de Associações para a Defesa da Saúde Pública, Javier González, afirmou que a eutanásia é um "direito indelével" equiparável ao direito à vida e qualificou de "política da avestruz" a postura do Governo, que manifestou que ainda não é tempo para pôr o tema em debate.

Do mesmo modo, a Associação de Médicos Progressistas anunciou ontem que os espanhóis "já estão preparados" para que se abra o "quanto antes" um debate social sobre a eutanásia em nível profissional, social e político. Segundo esta entidade, o encurtamento da vida de quem sofre uma doença incurável ou irreversível "é um direito humano fundamental em todo estado laico, plural e democrático" e considerou que se impõe "um profundo debate social com apostas políticas valentes e progressistas".

A Polícia suspeita de que alguém tenha ajudado Jorge León a morrer, embora ainda não se dispõe dos resultados definitivos da autópsia.