A Câmara de Deputados aprovou nesta quinta-feira a Lei de Reprodução Humana Assistida (LRHA) que segundo o Secretário Geral e porta-voz da Conferência Episcopal Espanhola (CEE), Pe. Juan Antonio Martínez Camino, é "muito preocupante para a consciência justa e reta dos cidadãos no trato com o ser humano", pois permite a seleção genética, a clonagem e a comercialização de embriões humanos.

Em declarações à Europa Press, o porta-voz disse que a nova lei "abre as portas à clonagem de seres humanos, já que proibe apenas a clonagem com fins reprodutivos e, portanto, permite a clonagem com fins terapêuticos".

Segundo o Pe. Camino, a LRHA autoriza a eugenia, quer dizer, "selecionar seres humanos, destinados uns à vida e outros à morte". "Empiricamente hoje estes bebês são selecionados entre outros, que são desprezados, congelados e destruídos, tiram-lhes a vida para deixar somente os melhores para um fim terapêutico como os transplantes", assegurou.

Do mesmo modo, o sacerdote criticou que a legislação trate o embrião humano como se fosse "um objeto de comércio" e não ofereça "uma tutela jurídica necessária" ao partir "de uma consideração dos primeiros dias da vida do ser humano como se não fosse tal, como se fosse um objeto manipulável, um objeto inclusive venal, objeto de comércio".

Instrumento de morte e de retrocesso científico

Por outro lado, a plataforma científica Hay Alternativas advertiu que a LRHA "é uma das mais agressivas contra a bioética no mundo" e alertou sobre a "aberrante agressão que implica contra a dignidade do homem e contra a ciência".

Em um comunicado de imprensa, a Plataforma lembra que com antecedência denunciou que, com esta lei, "o ser humano não nascido se tornaria material de pesquisa, mercadoria a mercê dos interesses econômicos de grandes empresas e da ambição de determinados cientistas".

Hay Alternativas, que conta com o apoio de centenas de cientistas e especialistas, denuncia que a LRHA "permite a criação de seres humanos em idade embrionária para a pesquisa mediante a clonagem. Isto, além de ser uma agressão aberrante contra a dignidade do homem, é contrário a nosso Código Penal e às declarações da ONU e o Parlamento Europeu".

Finalmente, a porta-voz de Hay Alternativas, Dra. Gádor Joya, assinalou que "esta lei nasce supostamente para cooperar com a vida humana, mas é na realidade um instrumento de morte e de retrocesso científico. A LRHA faz do homem um meio para um suposto progresso técnico, esquecendo que a ciência é um meio para melhorar as condições de vida de todos os seres humanos".

A lei foi aprovada com o voto contra do Partido Popular em uma parte do projeto. Agora passará a ser tramitada no Senado.