MANÁGUA, 7 de jun de 2023 às 15:36
Uma investigação recente do jornal nicaraguense El Confidencial revelou que o governo de Daniel Ortega reteve mais de meio milhão de dólares que foram doados à Igreja em Estelí pela agência humanitária Catholic Relief Services (CRS).
A mídia independente informou na sexta-feira (2), que, segundo fontes ligadas à diocese, a doação de US$ 563.206 foi legalmente feita em 14 de junho de 2012 à Cáritas de Estelí, quando a província eclesiástica era presidida por dom Abelardo Mata.
A instituição de caridade, cuja personalidade jurídica foi cancelada em 7 de fevereiro de 2022 pela Assembleia Nacional, fez um acordo com uma "doação total" do dinheiro à diocese de Estelí, cujo administrador apostólico é atualmente dom Rolando Álvarez, bispo condenado injustamente a 26 anos e 4 meses de prisão pelo regime.
O dinheiro, disse o jornal, era o restante de uma doação que a CRS, agência de ajuda humanitária dos bispos católicos dos EUA, destinou para a construção de um hospital.
“A acusação de lavagem de dinheiro é infundada, porque os fundos são limpos, o dinheiro pertence à diocese de Estelí e a diocese decide o que é mais conveniente para garantir seu uso adequado”, disse uma fonte ao jornal.
El Confidencial também denunciou que, além da retenção de dinheiro, oito pessoas da diocese foram presas "numa suposta investigação por lavagem de dinheiro" neste caso.
Os detidos são os padres Pastor Rodríguez Benavides e Leonardo Guevara Gutiérrez, e os leigos Julio Sevilla, Julio Berríos, Bladimir Pallés, María Verónica Herrera Galeano, Freydell Andino e Mariví Andino.
A prisão ocorreu depois que em 27 de maio a polícia da Nicarágua bloqueou as contas bancárias da Igreja no país e depois a acusou de cometer lavagem de dinheiro. O regime disse ter encontrado centenas de milhares de dólares escondidos em instalações de várias dioceses, como as de Matagalpa e Estelí. No entanto, os defensores dos direitos humanos disseram que a acusação não tem fundamento.
“Esperamos que as autoridades correspondentes, uma vez esclarecida esta situação, suspendam as medidas cautelares, os afetados se reincorporem às suas respectivas tarefas e continuem trabalhando pelo progresso e desenvolvimento de nossa amada Nicarágua”, disseram as fontes da diocese ao jornal.
A ACI Prensa contatou ontem (6) Félix Maradiaga, ativista político nicaraguense e ex-preso político, que disse que os dados da investigação do El Confidencial "estão corretos" e foram verificados "com fontes do país".
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