O corpo da irmã Wilhelmina Lancaster, OSB, freira afro-americana cujos restos mortais surpreendentemente intactos chamaram a atenção em uma abadia no estado do Missouri, EUA, foi colocado ontem (29) em uma urna de vidro após uma procissão solene liderada por membros da comunidade que ela fundou.

Por volta das 17h, dezenas de freiras beneditinas de Maria, Rainha dos Apóstolos, carregaram o corpo de sua fundadora ao redor da abadia de Nossa Senhora de Éfeso, recitando o terço e cantando hinos. Alguns dos milhares de peregrinos que visitaram a abadia durante o feriado americano de Memorial Day acompanharam a procissão.

 

 

A procissão, sob forte sol ao fim do final da tarde, teve seu ápice dentro da igreja da abadia, onde o corpo da freira foi colocado em uma urna de vidro especialmente preparada. Flores rodearam o corpo e decoraram a tampa da urna, onde se encontra uma imagem de são José segurando o Menino Jesus. A igreja estava cheia de peregrinos, incluindo muitos padres e religiosas de outras ordens.

A irmã Wilhelmina, que fundou a ordem beneditina em 1995, quando tinha 70 anos, morreu em 2019. Esperando encontrar apenas ossos, suas irmãs exumaram seus restos mortais em 18 de maio com a intenção de sepultá-los em um recém-concluído santuário de São José, mas descobriram que seu corpo parecia estar surpreendentemente bem preservado.

As irmãs dizem que pretendiam manter sua descoberta em segredo, mas a notícia acabou se espalhando, chamando a atenção da mídia mundial e levando milhares de peregrinos à abadia. Um voluntário disse à CNA, agência de notícias em inglês da EWTN, que mais de mil veículos chegaram ontem à propriedade, mas nenhuma contagem oficial estava disponível.

Até o momento, não houve nenhuma declaração oficial de que o corpo da irmã Wilhelmina estaria "incorrupto", o que seria um possível sinal de santidade, nem há uma causa de canonização formal em andamento, um processo rigoroso que pode levar muitos anos.

O bispo de Kansas City-St. Joseph, dom James Vann Johnston, disse que uma "investigação completa" é necessária para responder a "perguntas importantes" levantadas pelo estado de seu corpo, mas não chegou a dizer se esta análise será feita.

Urna de vidro no qual está o corpo da irmã Wilhelmina. - Foto: Joe Bukuras/CNA

Antes da procissão de ontem, os peregrinos novamente esperaram na fila ao longo do dia por uma oportunidade de ver e tocar o corpo da irmã Wilhelmina antes de ser colocado na urna de vidro, onde permanecerá acessível para exibição pública.

Entre os que foram ontem estavam Tonya e William Kattner, de Excelsior Springs, Missouri. “Você precisa experimentar a magia e o milagre disso”, disse Tonya Kattner. “Especialmente com tudo que está acontecendo no mundo hoje, algo assim traz esperança”, disse William Kattner.

Kate e Peteh Jalloh, de Kansas City, dizem que ver o corpo bem preservado da irmã Wilhelmina é uma "bênção". - Foto: Joe Bukuras/CNA

 

Kate e Peteh Jalloh, de Kansas City, Missouri, também não queriam perder a chance de ver a irmã Wilhelmina. “Acredito fortemente na fé católica. Eu acredito em milagres e nunca vi nada assim antes. Há muita coisa acontecendo na minha vida e este é o melhor momento para receber essa mensagem de uma freira”, disse Kate Jalloh. “Poderia levar mais um século para vermos algo assim”, acrescentou.

Janie Bruck veio com suas primas, Kristy Cook e Halle Cook, todas de Omaha, Nebraska. "Vim para testemunhar o milagre. Acredito que estamos em uma revolução de Jesus e Ele está nos enviando muitos sinais”, disse Bruck. Kristy Cook, uma ex-policial de Omaha, disse que ficou surpresa ao ver que o corpo da irmã Wilhelmina não tinha odor de decomposição.

Corpo da irmã Wilhelmina, OSB,  na igreja de Nossa Senhora de Éfeso em 28 de maio de 2023. - Foto: Joe Bukuras/CNA

 

As irmãs agradeceram publicamente aos muitos policiais locais, pessoal médico e voluntários que ajudaram a administrar o fluxo de peregrinos durante o feriado.

Entre os voluntários estava Lucas Boddicker, de Kearney, Missouri, que se juntou aos membros de seu conselho dos Cavaleiros de Colombo com sede na Igreja Católica de St. Anne, próxima a Plattsburgh, Missouri, para guiar veículos visitantes a um estacionamento improvisado em um campo aberto. Outros cavaleiros das paróquias locais ajudaram a montar tendas e distribuíram hambúrgueres, frutas e garrafas de água gratuitamente.

"Isso é uma coisa que os cavaleiros fazem muito bem”, diz Boddicker. “Eles divulgam quando precisamos de mão de obra.”

Os padres ouviram confissões em um grande campo gramado por horas, alguns usando árvores como sombra, enquanto crianças brincavam no terreno da abadia.

Três religiosas da ordem dos Pobres de Jesus Cristo, com sede em Kansas City, Kansas, disseram que se sentiram inspiradas ao ver o corpo da irmã Wilhelmina.

Uma das religiosas, a irmã Azucena, disse que “queria chorar”, enquanto rezava ao lado da religiosa. “Eu apenas tive esse sentimento de paz e amor. Compartilhamos uma vocação. Sua fidelidade ao Senhor e seu amor, pude sentir isso ali”, disse.

 

Jason e Jessica Ewell (esquerda ) e Trish Bachicha (esquerda) ficaram supresos com o estado de preservação do corpo da irmã Wilhelmina. - Foto: Joe Bukuras/CNA

 

Um casal da Pensilvânia, Jason e Jessica Ewell, ambos cegos, estavam visitando Kansas City quando ouviram na manhã de ontem sobre o corpo da irmã Wilhelmina. “É algo legal fazer parte do início desta história”, disse Jessica Ewell. “Eu estava pedindo a intercessão dela pelos filhos do nosso casamento”, disse. “Muitas pessoas pensam 'Ah, é a cegueira', mas não, não é nada disso'”, disse.

"Ontem eu estava em um lugar onde eu disse, 'Deus, eu preciso de algo agora'", disse ela. “Sempre ouvimos falar desses milagres. Mas eles estão muito distantes e sempre acontecem com outras pessoas”.

Trish Bachicha, mãe de Jessica, disse acreditar que Deus está enviando uma mensagem. “Ele está dizendo 'estou vivo e bem e não esqueci de você' ", disse.

Confira também: