Cinco anos depois que os eleitores irlandeses rejeitaram a emenda constitucional que protege "o direito à vida do nascituro", mais de 28,8 mil abortos foram feitos na Irlanda desde que o referendo entrou em vigor.

Para o senador irlandês Rónán Mullen, a perda da Oitava Emenda pró-vida da Irlanda no referendo de 25 de maio de 2018 é "o momento mais trágico da história política irlandesa" em termos de número de vidas perdidas

Segundo a Ireland’s Pro-Life Campaign, a taxa anual de aborto no país aumentou ao menos 70%, com 28.802 abortos feitos desde que o referendo entrou em vigor em 2019.

Novos dados fornecidos pelo Executivo do Serviço de Saúde da Irlanda em 25 de maio revelaram que 8.876 abortos foram feitos no país apenas em 2022, um aumento de 33% em relação a 2021.

“Quando olhamos para a mudança que ocorreu desde que se tornou legal, a mudança mais óbvia é que nossas taxas de aborto aumentaram dramaticamente”, disse Mullen em entrevista à CNA, agência em inglês da EWTN, grupo de comunicação católico ao qual pertence a ACI Digital.

Adiretora-executiva da Ireland’s Pro-Life Campaig, Eilís Mulroy, disse que o aumento "alarmante" na taxa de aborto "indica o completo fracasso do governo em fornecer garantias e caminhos adequados para alternativas positivas".

Um bebê está sendo abortado na Irlanda por cada sete bebês nascidos, disse Mulroy.

A emenda que legaliza o aborto entrou em vigor em janeiro de 2019. Mullen disse que no primeiro ano em que o aborto foi legalizado na Irlanda, o número de abortos foi de 6.666, "um número que não passou despercebido para muitas pessoas".

Acrescentou que a população com síndrome de Down da Irlanda foi particularmente afetada pelo referendo.

“Vivemos neste paradoxo onde muitos de nós em nossa comunidade ainda queremos celebrar a presença de pessoas com síndrome de Down em nosso meio. Defendemos o amor e a participação que trazem ao nosso mundo e, no entanto, estamos trabalhando para um mundo onde eles não existirão mais", disse Mullen.

Governo irlandês considera mais medidas pró-aborto

O governo irlandês está atualmente considerando a implementação de um relatório divulgado recentemente pelo presidente, após uma revisão de três anos das leis de aborto da Irlanda.

O relatório foi amplamente criticado pelos pró-vida como "baseado em evidências seletivas e pesquisas de baixa qualidade", segundo Mulroy.

 

A Marcha pela Vida da Irlanda, em 1º de maio, reuniu milhares de pessoas que marcharam em Dublin, de St. Stephen's Green até a frente de Leinster House, em protesto contra as “propostas extremistas” contidas no relatório.

O documento recomenda a descriminalização total do aborto, o que efetivamente permitiria o aborto à vontade até o nascimento.

Os abortos eletivos são permitidos na Irlanda até 12 semanas de gravidez e depois em casos de anomalia fetal fatal ou quando a vida ou saúde da mulher é considerada em risco.

“Foi incrivelmente irresponsável que a revisão de três anos, que não apresentou uma estimativa precisa da taxa de aborto, tenha focado tanto em expandir drasticamente a legislação sobre o aborto”, disse Mulroy.

"A revisão deveria ter sido uma oportunidade para avaliar objetivamente o impacto e o funcionamento da lei do aborto", acrescentou.

Segundo a líder pró-vida, o relatório é "efetivamente um plano para mais abortos" e "não fez nada para abordar as taxas de aborto em massa ou para apoiar as mulheres".

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O relatório também recomenda que as oito maternidades restantes na Irlanda que não fazem abortos sejam obrigadas a fazê-lo, levantando preocupações sobre a proteção da consciência de médicos e enfermeiros.

“A Irlanda se transformou de uma situação em que qualquer mudança potencial nas leis de aborto da Irlanda exigia um referendo, para uma nova situação em que pessoas designadas não eleitas podem fazer propostas extremas sem qualquer escrutínio sério da mídia ou responsabilidade parlamentar”, lamentou Mulroy.

Para a ativista, é preciso mobilização para tentar que nas próximas eleições na Irlanda sejam eleitos mais políticos pró-vida para gerar mudanças.

O senador Mullen, que lidera o partido político irlandês Aliança pela Dignidade Humana, também pediu às pessoas que rezem pela Irlanda.

"Para mudar o mundo, precisamos de oração, sacrifício e ação. Peço às pessoas que orem pela Irlanda, por melhores leis na Irlanda e pelo bem e ouso dizer, melhor liderança em algumas dessas áreas", pediu Mullen.

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