O papa Francisco se reuniu em privado ontem (22), com 200 bispos da Conferência Episcopal Italiana (CEI), que participam de sua 77ª Assembleia Geral até quinta-feira (25).

Durante três horas, o papa ouviu as perguntas dos bispos italianos reunidos na Sala Nova do Sínodo do Vaticano. Segundo Vatican News, Francisco falou com sobre temas atuais como a paz, a diminuição das vocações, as ideologias ou a situação dos pobres e refugiados.

Depois de uma oração de boas-vindas, o papa recordou as vítimas das fortes tempestades que na semana passada deixaram vários mortos na região da Emilia Romagna, no norte da Itália.

Embora os detalhes desta reunião a portas fechadas não tenham sido divulgados, soube-se que os bispos também perguntaram ao papa Francisco sobre a paz na Ucrânia, bem como questões ambientais e o caminho sinodal.

Francisco agradeceu aos bispos italianos por seu compromisso com os migrantes e refugiados.

O presidente da Conferência Episcopal Italiana, cardeal Matteo Zuppi, introduziu os trabalhos da Assembleia Geral com um discurso no qual falou sobre a Ucrânia, o problema da baixa natalidade, a educação, os abusos e a situação dos pobres e idosos.

A baixa taxa de natalidade

Quanto à taxa de natalidade, o cardeal lamentou que “muitas vezes os casais jovens não conseguem constituir família simplesmente por precariedade laboral ou pela falta de políticas de apoio, a começar pela moradia”.

“Segundo alguns demógrafossomos um país em extinção. Neste contexto, algumas dioceses italianas há muito assinalam o problema particularmente agudo do despovoamento das zonas do interior”, disse.

Para o cardeal Zuppi, esta situação também tem a ver com o acolhimento dos imigrantes “e sua inevitável integração em nossa sociedade”. “O acolhimento e a natalidade, recorda o papa Francisco, não só não se opõem, mas complementam-se e nascem do desejo de olhar para o futuro”, disse.

Os abusos

O presidente da CEI disse que “não esquecemos a vergonha do escândalo dos abusos e do sofrimento por eles causados, o que nos incita a enfrentá-los com renovado compromisso, sem opacidade, ingenuidade, cumplicidade ou justicialismo”.

Ele destacou que “só escutando verdadeiramente a dor das pessoas que sofreram este crime abre-nos à solidariedade e desafia-nos a fazer todo o possível para que os abusos não se repitam”.

“Estamos convencidos de que a escuta do sofrimento é uma etapa essencial no caminho para consolidar e tornar mais eficazes as atividades de formação e prevenção feitas pelas Igrejas na Itália através da rede territorial de serviços para a proteção de menores e adultos vulneráveis”, disse.

O caminho sinodal

Com relação ao caminho sinodal, o cardeal Matteo Zuppi reiterou que, "para que ele funcione, deve ocorrer em uma experiência concreta, aceitando a imprevisibilidade do encontro, medindo-se com as perguntas que agitam as pessoas e não com o que pensamos que elas vivem, a fim de encontrar as respostas juntos".

Para Zuppi, “não haverá verdadeiro discernimento se não soubermos escutar o que o Espírito continua a nos pedir também nesta segunda fase do nosso caminho”.

“Não podemos esconder que nesta primeira fase do caminho sinodal surgiram dificuldades em vários âmbitos e por diversos motivos. O processo, porém, está em andamento e avançando, graças à dedicação de tantos”, disse o cardeal.

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