A Christians Solidarity Worldwide (CSW), fundação de defesa dos direitos humanos com sede no Reino Unido, condenou “ataques intencionais” a centros religiosos no Sudão desde o início dos confrontos entre as Forças Armadas Sudanesas (FAS) e as Forças de Apoio Rápido (FAR) em 15 de abril.

Pelo menos 700 pessoas foram mortas e centenas de milhares deslocadas desde que a violência eclodiu entre o general Abdel Fattah al-Burhan da FAS e a FAR, a força paramilitar sob o comando do general Mohamed Hamdan Dagalo.

 

Em relatório publicado ontem (16), o presidente fundador da CSW, Thomas Mervyn, diz que homens armados atacaram de forma intencional lugares de culto no país, assim como a líderes religiosos, além de ocupar alguns dos centros e utilizá-los como “bases militares”.

 

“A CSW condena esses ataques recentes a locais de culto em todo o Sudão. Os ataques intencionais a clérigos, o bombardeio de casas de adoração, e a ocupação de edifícios religiosos para serem usados como bases militares violam direitos humanos e humanitários internacionais e estão entre uma série de violações que podem ser consideradas crimes de guerra”, diz Mervyn.

 

Oficiais da CSW relatam que seis homens armados atacaram a igreja copta Al-Masalma em Omdurman, distrito de Cartum, capital do Sudão, no sábado (13), e mataram quatro pessoas, incluindo o sacerdote e seu filho.

 

A FAR teria forçado de membros do clero copta, entre os quais o bispo Elia, bispo de Cartum e do Sudão do Sul, a sair da igreja ortodoxa copta de Santa Maria no domingo (14), para usar o lugar como base militar.

 

Instalações católicas no país também foram danificadas por artilharia usada no conflito. Em abril, foguetes atingiram o complexo da catedral Maria Rainha da África, de El-Obeid. O Centro de Treinamento Profissional St. Joseph (VCT) em Cartum também foi parcialmente destruído.

 

A CSW também relata que várias mesquitas no Sudão foram atacadas.

 

Mervyn pediu a Radhouan Nouicer, especialista designado do Alto Comissariado para os Direitos Humanos no Sudão, atenção às violações de direitos humanos no país do nordeste africano.

 

O representante da CSW também instou a comunidade internacional “a se comprometer com o apoio de longo prazo para a promoção, proteção e cumprimento dos direitos humanos e a facilitar a participação ampla e significativa da sociedade civil nas negociações sobre uma transição democrática pacífica” no Sudão.

 

Mervyn diz que a promoção e a proteção dos direitos humanos no país “são a única maneira de garantir uma solução política eficaz baseada em uma identidade sudanesa inclusiva, no estado de direito, nos direitos humanos e na responsabilidade”.

 

 

Na última quinta (11), representantes das duas facções em combate assinaram a Declaração de Compromisso de Jeddah para Proteger os Civis do Sudão.

 

O compromisso assinado em Jeddah, na Arábia Saudita, não é um acordo de cessar-fogo, mas um reconhecimento de que ambas as partes em conflito são obrigadas a promover ações humanitárias para atender às necessidades do povo.

 

No relatório de ontem (16), Mervyn diz que, embora a assinatura do Compromisso de Jeddah seja “um passo inicial louvável” se for cumprido, é necessário um “cessar-fogo imediato e incondicional”.

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