O papa Francisco pediu o compromisso de toda a comunidade eclesial para preservar os fundos históricos audiovisuais da Igreja, um patrimônio a ser preservado e ordenado de acordo com critérios científicos.

O papa pediu para “preservar a memória audiovisual da Igreja” por ocasião da primeira reunião do comitê científico da Fundação Memórias Audiovisuais do Catolicismo (MAC) ontem (2).

Em declarações à ACI Prensa, agência em espanhol do grupo ACI, monsenhor Dario Viganò confirmou que a Fundação MAC, que dirige, foi criada “para responder à urgência cultural da recuperação, preservação e valorização do patrimônio histórico audiovisual e do patrimônio documental” da Igreja Católica.

“Preservar as memórias audiovisuais do catolicismo significa, sobretudo, não dispersar um patrimônio de acontecimentos (desde os Congressos Eucarísticos às viagens papais, das missões às formas de religiosidade popular)”, acrescentou monsenhor Viganò.

As primeiras imagens de Leão XIII

Para o padre italiano, crítico de cinema e teórico da comunicação, significa também “construir pontes entre instituições acadêmicas e arquivísticas para estudar o sentido e o valor da presença da Igreja no mundo nas várias décadas do século XX”.

Isso inclui “desde as primeiras imagens de Leão XIII até os filmes dos grandes Jubileus. É, como disse o papa Francisco, citando são João Paulo II, uma grande e urgente responsabilidade da Igreja e da Santa Sé”, acrescentou

Monsenhor Dario Viganò disse que ainda há um longo caminho a percorrer para recuperar essa memória audiovisual da Igreja: “Temos arquivos que conhecemos e outros dos quais não temos vestígios. São instituições religiosas que guardam filmes dos anos 30, 40 e 50 em armários de escritórios ou em alguns porões que não são locais adequados para sua conservação”.

"Joias" da filmografia eclesial

Viaganò disse que algumas "joias" da filmografia eclesial poderiam se perder para sempre.

“Atualmente, não é possível seguir os seus rastros: o documentário Leão XIII no Vaticano filmado pelo americano Lee Dougherty por ocasião do Ano Santo de 1900; Jubilaeum do Jubileu Extraordinário de 1933, o primeiro filme expressamente solicitado por um papa e organizado pela Santa Sé”, são alguns exemplos.

O cinema, catequese de humanidade

Monsenhor Viganò, autor de livros e artigos dedicados à relação entre o cinema e o mundo católico, entrevistou o papa em seu livro: "O olhar porta do coração".

"Na entrevista - continuou Viganò - o papa refere-se antes de tudo ao cinema e ao seu valor universal. Neste sentido, recorda como viveu a guerra e o seu trágico resultado por meio de filmes do neorrealismo. Também se refere ao cinema que muitas vezes é apresentado como uma catequese de humanidade. Pensemos em La strada de Fellini, onde a simples Gelsomina, de coração puro, finalmente consegue comover o coração do rude acrobata Zampano”.

Por fim, disse, o papa Francisco, “falando do valor documental do cinema (pensemos, por exemplo, no filme Pastor Angelicus, de Romolo Marcellini, no qual Pio XII interpreta a si mesmo numa espécie de primeira globalização audiovisual do pontificado), expressou o desejo de criar a Mediateca Apostólica, o terceiro ramo junto com o Arquivo e a Biblioteca Apostólicos”.

Arquivo Audiovisual Central da Santa Sé

Neste contexto, em breve nascerá uma instituição que atuará como Arquivo Audiovisual Central da Santa Sé e de toda a Igreja.

“Este é o desejo expresso pelo Santo Padre. Se for feito de acordo com as intenções originais, a filosofia é abrir para a consulta tanto o material audiovisual como o documentário clássico (fotos, artigos, livros). Neste primeiro passo, e nos próximos meses teremos a ocasião de apresentar os primeiros projetos concretos de cartografia, estudo e restauração”, concluiu monsenhor Dario Viganò.

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