Às vésperas da coroação do rei Carlos III da Inglaterra, o cardeal Wilfrid Napier publicou ontem (2) uma crítica à proibição de oração silenciosa em “zonas de censura” próximas a clínicas de aborto no Reino Unido.

“Primeiro o ocidente condenou Hitler por sua política de aborto contra os judeus; depois condenou a União Soviética por suprimir práticas religiosas! Agora, o mesmo ocidente está tentando forçar países africanos a aderir ao ABORTO como um DIREITO! E o Reino Unido criminaliza a ORAÇÃO! E isso é considerado CIVILIZAÇÃO!”, escreveu Napier, arcebispo-emérito de Durban.

O post era um comentário de um vídeo no Twitter que mostra a prisão de Isabel Vaughan-Spruce, diretora da March for Life UK.

Ela foi presa em 6 de dezembro de 2022 e acusada de quatro violações a uma Ordem de Proteção a Espaços Públicos (PSPO, na sigla em inglês) em 15 de dezembro. Uma PSPO tem o objetivo de impedir comportamentos anti-sociais. A polícia foi chamada por um cidadão que a acusou de estar rezando em silêncio.

Vaughan-Spruce e o padre Sean Gough, da arquidiocese de Birmingham, foram absolvidos de todas as acusações em fevereiro deste ano. Os dois foram representados pelo conselho legal do escritório britânico do grupo de defesa legal da liberdade religiosa Alliance Defending Freedom (ADF UK). Em 7 de março, a ADF compartilhou um vídeo de Vaughan-Spruce sendo presa, mais uma vez, “por pensar”. O vídeo está disponível em https://twitter.com/ADF_UK/status/1632820479131099136?s=20.

“No sábado (6), o rei Carlos III irá jurar que ‘buscará promover um ambiente no qual pessoas de todas as fés e crenças possam viver em liberdade’. Talvez como primeiro passo ele deva exortar o Parlamento a permitir que pessoas orem silenciosamente e pacificamente, mesmo em lugares onde sua presença não é desejada", escreveu ontem (2) o Austen Ivereigh no Twitter ao compartilhar o vídeo da ADF. Ivereigh é biógrafo do papa Francisco e uma das pessoas mais próximas dele.

Políticos de outros países europeus também pressionam pela proibição de orações perto de locais de aborto. Um tribunal alemão decidiu em setembro do ano passado que reuniões silenciosas de oração perto de um centro de aconselhamento sobre aborto não podem ser proibidas.

 

O Catecismo da Igreja Católica diz, no número 2.271, que “a Igreja afirmou, desde o século I, a malícia moral de todo o aborto provocado. E esta doutrina não mudou. Continua invariável. O aborto direto, isto é, desejado como fim ou como meio, é gravemente contrário à lei moral”.

 

O papa Francisco condenou repetidamente o aborto e outros ataques contra a vida humana, inclusive em sua encíclica Laudato si. Em 2018, ele comparou o aborto de crianças doentes ou deficientes a uma “mentalidade nazista”. 

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