“A Europa inteira está em crise” disse o papa Francisco na audiência geral de hoje (3). O papa falava sobre a visita à Hungria que fez durante o último fim de semana e sobre a “importância de preservar as raízes, pois só quando elas se afundam os ramos crescerão e produzirão frutos”.

“Vi tantas pessoas humildes e diligentes conservar com orgulho o vínculo com as suas raízes”, disse o papa. “E entre estas raízes, como salientaram os testemunhos durante os encontros com a Igreja local e com os jovens, estão sobretudo os santos: santos que deram a vida pelo povo, santos que testemunharam o Evangelho do amor e que foram luzes nos momentos de escuridão; tantos santos do passado que hoje exortam a superar o risco do derrotismo e o medo do amanhã, recordando que Cristo é o nosso futuro”, disse o papa. “As sólidas raízes cristãs do povo húngaro foram postas à prova”.

“A sua fé foi testada no fogo. Com efeito, durante a perseguição ateia do século XX, os cristãos foram atingidos violentamente, com Bispos, sacerdotes, religiosos e leigos assassinados ou privados da liberdade. E enquanto se procurava cortar a árvore da fé, as raízes permaneceram intactas: manteve-se uma Igreja escondida, mas viva, forte, com a força do Evangelho”.

Ele também disse que "na Hungria a opressão comunista foi precedida pela opressão nazista, com a trágica deportação de uma grande população judaica".

O papa felicitou a poetisa húngara Edith Bruck pelos seus 92 anos e disse que através dos seus poemas ela “conta aos jovens a necessidade de lutar por um ideal, para não ser derrotados pelas perseguições, pelo desânimo”.

O papa Francisco alertou sobre a mundanidade, que ameaça a liberdade “com as luvas brancas, com um consumismo que anestesia, pelo que as pessoas se contentam com um pouco de bem-estar material e, esquecendo o passado, ‘flutuam’ num presente feito à medida do indivíduo”.

Francisco também falou “da importância de construir pontes de paz entre os diversos povos”.

“Esta é, em particular, a vocação da Europa, chamada como ‘ponte de paz’ a incluir as diferenças e a acolher quantos batem às suas portas. Neste sentido, é bela a ponte humanitária criada para tantos refugiados da vizinha Ucrânia, que pude encontrar, admirando também a grande rede de caridade da Igreja húngara”, disse.

Ele também parabenizou o povo húngaro por seu compromisso com a ecologia e seu trabalho para construir pontes entre gerações, entre idosos e jovens, “um desafio hoje irrenunciável para todos”.

“Depois há pontes que a Igreja, como emergiu do encontro específico, é chamada a lançar aos homens de hoje, pois o anúncio de Cristo não pode consistir apenas em repetir o passado, mas deve ser sempre atualizado, de modo a ajudar as mulheres e os homens do nosso tempo a redescobrir Jesus”, disse.

O papa disse que na missa celebrada no domingo (30), na praça do Parlamento de Budapeste, “havia cristãos de vários ritos e países, e de diferentes confissões, que juntos trabalham bem na Hungria”.

Finalmente, confiou o país "das raízes e das pontes" à Virgem Maria: "Confiemos à Rainha da Hungria aquele querido país, confiemos à Rainha da paz a construção de pontes no mundo, à Rainha do Céu, que aclamamos neste tempo pascal, confiemos o nosso coração para que se enraíze no amor de Deus”, concluiu.

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