"A eutanásia não é humana”, disse o médico espanhol José María Simón Castellví, presidente emérito da Federação Internacional das Associações Médicas Católicas (FIAMC).

“As leis da eutanásia provocam sempre mais eutanásia, numa ladeira que vai, desde a supostamente consentida, à eutanásia aplicada a menores ou doentes mentais”, disse Simón Castellví à ACI Prensa, agência em espanhol do grupo ACI.

Ao responder sobre os motivos que levam as pessoas a justificar a eutanásia, Simón Castellví disse que isso “acontece em muitos casos por medo de sofrer. Em outros, por maldade".

“O mal existe e o mal absoluto também. Este atua em todas as frentes: jurídicas, meios de comunicação, hospitais, escolas, etc. Tenta levar as pessoas ao desespero e à autodestruição”, diz o médico espanhol, e por isso “é muito importante identificar o mal e ignorá-lo. É preciso fazer o bem: 'vince in bono malum' (vence o mal com o bem)”.

Para Simón Castellví, ex-membro do Pontifício Conselho para os Agentes de Saúde, “os cuidados paliativos sempre devem ser oferecidos. É um insulto aos profissionais ouvir constantemente propaganda a favor da eutanásia apelando a dores insuportáveis”.

“A dor existe, sim, mas há muitos remédios para aliviá-la. Às vezes, aplica-se até sedação profunda, se necessário, nunca com a intenção de eliminar o paciente, mas para melhorar seus sintomas e com doses e posologia adequadas, embora possa haver efeitos colaterais”, diz Simón Castellví.

Para o médico, “os médicos e outros profissionais de saúde existem para confortar o doente, nunca para o prejudicar. Uma das primeiras máximas da medicina sempre foi o 'primum non nocere' (primeiro, não prejudicar)”.

“A medicina cura, alivia, consola, reabilita, previne. Existe para combater a doença, não para combater o paciente. Os cuidados paliativos atendem às necessidades biológicas, psicológicas, sociais, familiares e espirituais dos doentes”, continua.

“Há uma parte importante da nossa atividade contra os pedidos de eutanásia. Se a pessoa é bem tratada, raramente pede”, diz ele.

“Os seres humanos, mesmo com os melhores cuidados, de uma forma ou de outra, nós sofremos. Daí a (carta apostólica) Salvifici Doloris de são João Paulo II nos exortar a unir nossas dores aos sofrimentos de Cristo. Com Ele tiraremos proveito até da nossa fragilidade”, diz.

Depois de dizer que “a vida é um dom que recebemos de Deus. Devemos apreciá-la com gratidão e cuidá-la com cuidado”, o Simón Castellví disse que “a eutanásia ou o suicídio assistido são ofensas graves contra Deus, nossos pais, a sociedade, os profissionais de saúde que cuidam de nós e a nós mesmos”.

O papa são João Paulo II publicou sua encíclica Evangelium vitae em 1995, na qual dizia que “a eutanásia é uma violação grave da Lei de Deus, enquanto morte deliberada moralmente inaceitável de uma pessoa humana”.

O número 2324 do Catecismo da Igreja Católica diz que “a eutanásia voluntária, quaisquer que sejam as formas e os motivos, é um homicídio. É gravemente contrária à dignidade da pessoa humana e ao respeito pelo Deus vivo, seu Criador”.

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