Apesar de suas falhas e imperfeições, é dentro da comunidade da Igreja que Jesus pode ser encontrado, disse o papa Francisco hoje (16), no Domingo da Divina Misericórdia.

 

Ao refletir sobre a dúvida inicial de são Tomé Apóstolo, Francisco perguntou: “Onde buscamos o Ressuscitado? Em algum evento especial, em alguma manifestação religiosa fantástica ou espetacular, apenas a nível emocional ou sensorial? Ou na comunidade, na Igreja, aceitando o desafio de estar lá, embora não seja perfeito?”

 

“Sem a comunidade, é difícil encontrar Jesus”, enfatizou.

 

O papa falou sobre dúvida e a Igreja a cerca de 20 mil pessoas reunidas hoje (16) na Praça de São Pedro. Nos domingos do tempo pascal, o papa reza o Regina Coeli, uma antífona latina em honra à Virgem Maria, no lugar do Ângelus.

 

Em sua breve mensagem antes da oração, Francisco explicou como o convite de Jesus a tocar Suas feridas não se aplica apenas ao “apóstolo que duvidou”, mas também a nós.

 

“Tomé quer um sinal extraordinário - tocar as feridas. Jesus as mostra a ele, mas de forma comum, na frente de todos, na comunidade, e não do lado de fora”, disse o papa.

 

“Apesar de todas as suas falhas e limitações, que são nossas falhas e limitações, nossa Mãe Igreja é o Corpo de Cristo”, sublinhou. 

“E é aqui, no Corpo de Cristo, que, agora e para sempre, os maiores sinais de seu amor podem ser encontrados”.

 

O papa relembrou que quando Jesus apareceu pela primeira vez aos seus discípulos no Cenáculo após sua morte e ressurreição, Tomé não estava presente.

 

“Enquanto os outros tinham se fechado no Cenáculo com medo, ele saiu, correndo o risco de que alguém pudesse reconhecê-lo, denunciá-lo e prendê-lo”, disse.

 

“Nós podemos pensar que Tomé, devido à sua coragem, foi ainda mais merecedor de que o próprio Senhor Ressuscitado aparecesse diante dele. Em vez disso, precisamente porque ele estava longe, Tomé não estava lá quando Jesus apareceu pela primeira vez aos discípulos na noite da Páscoa, então perdendo aquela oportunidade. Ele tinha se distanciado da comunidade. Como ele poderia recuperar a oportunidade? Apenas ao voltar a estar com os outros, ao retornar àquela família que ele tinha deixado para trás, triste e assustada”, explicou Francisco.

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“Quando Tomé retorna, ele tem dificuldade em acreditar no que os outros discípulos contaram a ele. Ele quer ver as feridas de Jesus com os seus próprios olhos”, relembra o papa.

 

“E Jesus o satisfaz: oito dias depois, ele aparece novamente em meio aos seus discípulos e mostra a eles as suas feridas, suas mãos, seus pés, essas feridas que são a prova de seu amor, que são os canais sempre abertos de sua misericórdia”, acrescentou o papa.

 

O papa disse que a escolha do Senhor Ressuscitado de aparecer aos discípulos como comunidade foi uma mensagem que também nos é relevante hoje.

 

“É como se ele dissesse [a Tomé]: se quer me conhecer, não olhe para longe, permaneça na comunidade, com os outros. Não vá embora, reze com eles, partilhe o pão com eles. E ele também diz isso a nós”.

 

“É aí onde irão me encontrar; onde irão descobrir a minha face, enquanto compartilham momentos de dúvida e medo com seus irmãos e irmãs, apegando-se ainda mais a eles”.

 

O papa encorajou os católicos a se perguntarem se, em nome das feridas de Jesus, estão dispostos a abrir seus braços aos outros, especialmente aos feridos, para que ninguém seja excluído da misericórdia de Deus”.

 

“Que Maria, a Mãe da Misericórdia, ajude-nos a amar a Igreja e a fazer dela uma casa acolhedora a todos”, disse o papa.



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