A igreja São Francisco Xavier, em Owo, na diocese de Ondo, na Nigéria, atacada no Domingo de Pentecostes do ano passado, reabriu para adoração pública no último domingo (9), por ocasião da Páscoa.

 

O ataque de 5 de junho de 2022 resultou na morte de pelo menos 50 fiéis. Homens armados dispararam contra fiéis e detonado explosivos. Segundo a imprensa local, havia muitas crianças entre os mortos.

 

Em sua homilia durante a reinauguração da igreja que esteve fechada por 43 semanas para ser reformada, o bispo de Ondo, dom Jude Ayodeji Arogundade, falou da necessidade de confiar na força da fé na pessoa de Jesus Cristo.

 

“Que nossa fé, que continua a ser a nossa força, continue a nos ajudar a lidar com os problemas da vida e a vencer tudo o que se levante contra nós e o evangelho de Cristo”, disse o bispo no domingo de Páscoa (9).

 

“Nosso Senhor Jesus Cristo foi sacrificado por nós. Nesta manhã estamos aqui com sentimentos contraditórios. Por cerca de dez meses, não pudemos abrir a igreja por causa dos ataques que aconteceram aqui em 5 de junho de 2022”, acrescentou o bispo Ayodeji. “O ataque nos envergonhou; como alguém poderia vir à igreja, a igreja que é a beleza de Owo? Uma alegria que é a alegria do povo de Deus, por que alguém viria aqui para ferir pessoas?”.

 

“Nós sabemos que os maus sempre estão trabalhando”, disse o bispo.

 

Ele disse acreditar que as dezenas de fiéis | “foram chamados ao paraíso” durante o ataque de Pentecostes, e disse: “Nós voltamos a adorar nesta igreja, graças a Deus. Desejo ser empático com aqueles que perderam seus entes queridos”.

 

O bispo buscou relacionar os eventos dolorosos do ataque à Sexta-feira Santa, refletindo: “Como explicamos isso em relação à morte de nosso amado Jesus Cristo? Podemos explicar por nossa fé e também pela alegria que trazemos a nossos irmãos e irmãs”.

 

“Precisamos chamar nossa atenção de volta à maior compreensão do que está acontecendo hoje em nossa sociedade. Nunca vi uma nação tão confortável em ver seus cidadãos serem assassinados diariamente às centenas sem que nada tenha sido feito nos últimos 15 anos”, lamentou.

 

O bispo Ayodeji culpou o governo do presidente Muhammadu Buhari por fracassar em até mesmo expressar um pedido de desculpas aos cidadãos em meio a múltiplos ataques.

 

“Não sei por que o governo se recusou a pedir perdão aos cidadãos com os quais falhou”, disse o bispo. “Um governo que falha em proteger seus cidadãos não é digno de ser chamado de governo”.

 

“Quero dizer sem medo de ninguém que o governo deste país fracassou e a imprensa deve registrar muito bem o que vou dizer; eles fracassaram em proteger a vida e a propriedade das pessoas”, continuou dom Ayodeji.

 

“Muitas pessoas até esqueceram o que aconteceu nesta igreja há dez meses, porque muito mais aconteceu sem que o mundo prestasse atenção”, lamentou.

 

O bispo, que lidera a diocese de Ondo desde novembro de 2010, disse considerar lamentável que nenhuma pessoa “tenha sido julgada por todos os crimes que ocorrem neste país”.

 

Não sei se alguém nesta igreja ouviu falar de alguém julgado por todos os crimes que ocorrem neste país, ou alguém condenado por tirar a vida de centenas de pessoas”, lamentou, acrescentando: “Nem sempre foi assim; os que estão por trás disso devem parar; vamos construir um bom país para nós mesmos”.

 

O bispo clamou por justiça, dizendo: “O governo deve acordar e mostrar força e coragem e garantir que aqueles que cometeram o mal ocorrido nesta igreja e o mal que está acontecendo em nosso país sejam levados à justiça e punidos de acordo”.

 

“Vamos trabalhar juntos para nos reconhecermos como pessoas civilizadas. Aqueles que não podem sobreviver aqui estão fazendo grandes coisas fora do país”, disse. “Devemos nos unir e expulsar o que tomou conta de nosso país”.

 

“Vamos nos perguntar como podemos contribuir para a paz e viver pela humanidade”, acrescentou Ayodeji.

 

“Continuem a orar por aqueles que ainda sofrem e estão traumatizados como pelo ataque, afirmando que a igreja continuará a confortar os que sofrem”, disse o bispo nigeriano durante a reabertura da igreja de São Francisco Xavier no domingo de Páscoa (9).

 

Confira também: