O chinês dom Joseph Shen Bin tomou posse ontem (4) como bispo de Xangai, China, em uma nomeação que não teria a aprovação da Santa Sé.

Segundo Asia News, dom Joseph Shen Bin, bispo de Haimen, foi nomeado  novo bispo de Xangai pelo Conselho dos Bispos Chineses, uma conferência episcopal controlada pelos comunistas.

Dom Shen Bin é presidente do Conselho dos Bispos Chineses, segundo Asia News.

O diretor da sala de imprensa da Santa Sé, Matteo Bruni, disse ontem (4) que "a Santa Sé tinha sido informada dias atrás da decisão das autoridades chinesas" de transferir dom Shen Bin de Haimen para Xangai, e "soube pela mídia da tomada de posse esta manhã”.

Bruni também disse que, por enquanto, não tinha nada a dizer acerca da avaliação da Santa Sé sobre a transferência do bispo.

A reportagem de Asia News disse que a posse de dom Shen Bin como bispo de Xangai aconteceu sem a aprovação da Santa Sé e, portanto, em violação do acordo entre a Santa Sé e a China sobre a nomeação de bispos.

Dom Shen Bin era bispo de Haimen desde 2010, uma nomeação que foi aprovada pelo Santa Sé.

Asia News também disse que a diocese de Xangai não tem um bispo católico há 10 anos.

Em março, o secretário de Relações com os Estados da Santa Sé, dom Paul Richard Gallagher, disse à EWTN News que o acordo Santa Sé-China “não era o melhor acordo possível” e que as negociações estão em andamento para “funcionar melhor”.

Dom Gallagher disse que os diplomatas da Santa Sé estão "negociando melhorias" no acordo provisório da Santa Sé com Pequim sobre a nomeação de bispos, assinado pela primeira vez em 2018.

Xi Jinping, presidente da República Popular da China desde 2013, foi empossado para um terceiro mandato no mês passado numa sessão parlamentar do Congresso Nacional Popular, que votou unanimemente nele numa eleição em que não havia outro candidato.

O Congresso Nacional do Povo em 2018 removeu os limites de mandato para a presidência, dando a Xi Jinping a chance de governar por toda a vida, seis meses antes de a Santa Sé assinar pela primeira vez seu acordo com Pequim.

Sob a liderança de Xi Jinping, o respeito pelos direitos humanos e pela liberdade religiosa na China se deteriorou. O governante está sob crescente condenação internacional pela brutal perseguição de seu regime aos muçulmanos uigures na região noroeste de Xinjiang, e autoridades estaduais em diferentes regiões do país removeram cruzes e demoliram igrejas.

Em novembro de 2022, a Santa Sé relatou que as autoridades chinesas tinham violado os termos estipulados em seu acordo provisório sobre a nomeação de bispos

Um comunicado divulgado em 26 de novembro dizia que "a Santa Sé notou com surpresa e pesar" que dom John Peng Weizhao havia tomado posse como "bispo auxiliar de Jiangxi", diocese não reconhecida pela Santa Sé.

Na entrevista de março para a EWTN News, dom Gallagher confirmou que "há negociações em andamento para a nomeação de outros bispos".

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