O cardeal Arthur Roche, prefeito do Dicastério para o Culto Divino e Disciplina dos Sacramentos, interveio contra resoluções do Caminho Sinodal Alemão de que leigos possam batizar regularmente e pregar a homilia na missa em igrejas da Alemanha.

O Caminho Sinodal Alemão, iniciado em 2019, é um processo de discussão entre bispos e leigos ligados a uma organização oficial de católicos da Alemanha, que defende a aceitação da homossexualidade pela doutrina moral da Igreja, a ordenação de mulheres e o fim do celibato sacerdotal.

Em carta ao presidente da Conferência Episcopal Alemã, o bispo de Limburg, Georg Bätzing, enviada na quarta-feira (29), o cardeal disse que nenhuma das duas coisas era possível. Pelo menos uma diocese alemã já anunciou ambas as práticas.

Os leigos não podem fazer a homilia na missa, escreveu Roche, pois só um homem ordenado “representa sacramentalmente a Cristo em virtude da sacra potestas que lhe é conferida na ordenação”.

Ao explicar que a questão da pregação na missa não era, em outras palavras, uma questão de educação, mas de sacramento, o cardeal Roche alertou para os “mal-entendidos” sobre a figura e a identidade do sacerdote, que é o único que pode atuar 'in persona Christi capitis' em virtude do sacramento”.

Não se trata de conseguir “uma melhor preparação teológica ou melhores habilidades de comunicação por parte dos leigos (homens ou mulheres)” para depois permitir que eles pregassem, disse o cardeal. “Também não se trata de criar desigualdades entre os batizados, mas de reconhecer que existem distinções feitas pelo Espírito, que produz diversos carismas distintos e complementares”.

Roche escreveu que leigos com boa formação deveriam contribuir, por exemplo, como catequistas ou conduzindo conversas sobre a Sagrada Escritura.

 

Batismos por leigos

 

O cardeal também rejeitou que leigos administrem regularmente os batismos, algo já praticado em algumas dioceses alemãs. Justificar isso com a falta de padres, por exemplo, não era possível sob a lei canônica, disse na carta.

Os leigos só podem realizar batismos validamente em circunstâncias excepcionais, como em perigo de morte ou “em situações dolorosas de perseguição, mas também em áreas de missão e em outros casos de especial necessidade”, explicou o cardeal.

 

Apelo do papa à unidade

 

Roche lembrou aos bispos alemães a carta do papa Francisco de 2019 que diz: “A Igreja universal vive nas e pelas Igrejas particulares, assim como as Igrejas particulares vivem e florescem na e pela Igreja universal; se fossem separadas da Igreja universal, enfraqueceriam, decairiam e morreriam”.

A Conferência Episcopal Alemã disse ontem (30) que os bispos vão continuar a buscar o diálogo com Roma sobre essas questões.

No início deste mês, vários bispos alemães anunciaram planos para implementar várias resoluções aprovadas pelo Caminho Sinodal.

O bispo Franz-Josef Bode de Osnabrück disse que leigos poderiam batizar bebês e pregar “regularmente” em homilias em sua diocese.

Em 25 de março, a Santa Sé anunciou que o papa Francisco havia aceitado o pedido de renúncia de Bode ao cargo de vice-presidente da Conferência Episcopal Alemã por causa de acusações de ter lidado mal com casos de abuso por parte de padres sob sua responsabilidade.

 

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