A Santa Sé anunciou no sábado (25) que o papa Francisco aceitou a renúncia do bispo de Osnabrück, dom Franz-Josef Bode, que foi acusado de má gestão das acusações de abusos sexuais em sua diocese.

O bispo de 72 anos é vice-presidente da Conferência Episcopal Alemã desde 2017.

Bode teve um papel importante no Caminho Sinodal Alemão, processo de discussão iniciado em 2019 entre bispos e leigos de uma organização oficial financiada por impostos da Alemanha para discutir temas como o exercício do “poder”, a moral sexual, o sacerdócio e o papel das mulheres na Igreja.

O bispop de Limburg, dom Georg Bätzing, presidente da Conferência Episcopal da Alemanha, comentou: “Hoje perco meu companheiro mais próximo no Caminho Sinodal, que ainda tem muitas etapas pela frente”. Duas semanas atrás, dom Bode anunciou que aplicaria as resoluções aprovadas no Caminho Sinoda Alemão de introduzir bênçãos de uniões homossexuais. Ele já havia se declarado a favor da ordenação de diaconisas.

Dom Franz-Josef Bode havia se recusado a renunciar, apesar da conclusão de um relatório provisório sobre abusos, publicado em 20 de setembro de 2022, de que ele lidou mal com casos de abuso na diocese que lidera desde 1995.

Num comunicado publicado no sábado (25), dom Bode disse: "Nos quase 32 anos de meu ministério episcopal, quase 28 deles como bispo de Osnabrück, carreguei a responsabilidade em uma Igreja que trouxe não só bênçãos, mas também culpas".

“Sobretudo quando se trata de casos de violência sexual por parte do clero, durante muito tempo eu mesmo tendi a centrar-me mais nos perpetradores e na instituição do que nas vítimas”, admitiu o bispo. “Eu julguei mal os casos, muitas vezes agi de forma indecisa, tomei muitas decisões erradas e não estive à altura de minha responsabilidade como bispo”.

O relatório provisório "Violência sexual contra menores e pessoas vulneráveis ​​pelo clero na diocese de Osnabrück desde 1945" tem 600 páginas.

Segundo o relatório, nas primeiras décadas de seu mandato, dom Bode "repetidamente" manteve pessoas acusadas de abuso no cargo ou as nomeou para outros cargos, incluindo funções de liderança na pastoral juvenil.

Em dezembro, um órgão consultivo para vítimas de abuso sexual pediu que o bispo fosse processado canonicamente.

As vítimas disseram que apresentaram uma denúncia oficial em Roma, fazendo referência ao documento Vos estis lux mundi, publicado em 2019 e atualizado no sábado (25) pelo papa Francisco, que visa fornecer normas e procedimentos para lidar com o tratamento dos abusos sexuais na Igreja.

Numa declaração que acompanha a denúncia, as vítimas pediram ao arcebispo de Hamburgo, dom Stefan Heße, que tome “medidas concretas” contra dom Bode.

Além de Bode, outros bispos alemães que foram acusados ​​de má gestão dos casos de abuso são: o iniciador do Caminho Sinodal, o cardeal Reinhard Marx, presidente do Caminho Sinodal; dom Georg Bätzing, sucessor de Marx como presidente da Conferência Episcopal; e o arcebispo de Hamburgo, dom Heße.

Todos eles permaneceram em seus cargos até agora.

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