“Não esqueçamos que estamos em uma luta sobrenatural, uma luta que parece particularmente virulenta em nosso tempo, embora já saibamos o resultado final da vitória de Cristo sobre os poderes do mal", disse o papa Francisco aos participantes do 33° Curso sobre o Foro Interno promovido pela Penitenciaria Apostólica, que recebeu ontem (23) Vaticano.

Falando sobre e para confessores, o papa disse que “esta vitória se realiza verdadeiramente cada vez que um penitente é absolvido, nada afasta e derrota mais o mal do que a misericórdia divina”.

O papa Francisco falou de cinco “atitudes evangélicas” que os confessores devem ter: saber acolher sem preconceitos, escutar com o ouvido do coração, dispensar generosamente o perdão de Deus, acompanhar sem forçar o caminho penitencial e amar o silêncio.

No início de seu discurso, o papa recordou que a Penitenciária Apostólica oferece este “importante e valioso momento de formação, para contribuir na preparação de bons confessores, plenamente conscientes da importância do ministério a serviço dos penitentes”.

Francisco disse que há um vínculo inseparável “entre a vocação missionária da Igreja e a oferta de misericórdia a todos os homens”. “Vivendo da misericórdia e oferecendo-a a todos, a Igreja se realiza e cumpre sua ação apostólica e missionária”.

Francisco disse que não é possível, sobretudo durante a Quaresma, “deixar de dar atenção ao exercício da caridade pastoral, que se expressa de modo concreto e eminente na plena disponibilidade dos sacerdotes ao exercício do ministério da reconciliação”.

Para o papa, “a disponibilidade do confessor se manifesta em algumas atitudes evangélicas”.

Entre elas falou da capacidade de acolher a todos sem preconceitos, “porque só Deus sabe qual é a graça que operar nos corações, a qualquer momento”.

Para o papa, é fundamental “ouvir os irmãos com o ouvido do coração, ferido como o coração de Cristo”.

Outra atitude “evangélica” do confessor deve ser “absolver os penitentes, dispensar generosamente o perdão de Deus”, bem como “acompanhar o caminho penitencial, sem forçar, seguindo o ritmo dos fiéis, com paciência e oração constante”, disse o papa

O papa disse que “o padre no confessionário deve amar o silêncio, ser magnânimo de coração, sabendo que cada penitente o recorda a sua própria condição pessoal: ser pecador e ministro da misericórdia”.

Segundo o papa, “esta consciência fará com que os confessionários não fiquem abandonados e que não falte a disponibilidade dos sacerdotes”.

“A missão evangelizadora da Igreja passa em grande parte pela redescoberta do dom da confissão, também em vista do iminente Jubileu de 2025”, disse o papa Francisco.

Segundo o papa, "nos planos pastorais das Igrejas particulares, nunca deve faltar espaço para o serviço da reconciliação sacramental”.

Convidou também a que em cada catedral haja "a presença regular de um confessor, com longas horas, em cada zona pastoral, bem como nas igrejas frequentadas pelas comunidades religiosas, para que haja sempre um confessor de plantão".

“Se a misericórdia é a missão da Igreja, devemos facilitar ao máximo o acesso dos fiéis a este ‘encontro de amor’, cuidando dele desde a primeira confissão das crianças e estendendo esta atenção aos lugares de cuidado e sofrimento", disse.

“Quando já não se pode fazer muito para curar o corpo, muito se pode e deve sempre ser feito para a saúde da alma”, disse Francisco.

O papa também disse que “na confissão individual, Deus quer acariciar pessoalmente, com a sua misericórdia, cada pecador: o pastor, só Ele, conhece e ama as ovelhas uma por uma, especialmente as mais frágeis e feridas”.

Por isso, disse que “as celebrações comunitárias devem ser valorizadas em algumas ocasiões, sem renunciar às confissões individuais como forma ordinária de celebrar o sacramento”.

Durante a audiência, o papa Francisco também disse que diante dos “focos de ódio e vingança” que existem no mundo, os confessores devem “multiplicar os focos de misericórdia”.

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Por fim, convidou os presentes “a redescobrir, aprofundar teologicamente e difundir pastoralmente aquela extensão natural da misericórdia que são as indulgências, segundo a vontade do nosso Pai celeste de nos ter sempre e somente com Ele, tanto nesta vida como na eterna”.

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